segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Relações, ralações e outras complicações

Mais um tema complexo já pensado e repensado por tanta gente, mas que neste momento faz-me todo o sentido pensar nele.
No que diz respeito à procura de relações, a frase que provavelmente mais se vai dizendo por aí, desta ou de outra maneira, ou não dizendo mas pensando, será: “procuro homem/mulher para relação duradoura, séria, etc...”.
Pois bem, se cada um de todos nós as sonha e deseja com sucesso, afinal porque é que a dois fica tão difícil concretizar?
Eu só sei ser isso o que me acontece, e como eu, cada um de todos nós sentirá o mesmo. Agora explicação é que não sei se haverá mas é o que normalmente acontece, acabar por ter ralações e a desilusão deixar mais um degrau para subir na próxima tentativa.
E quer isto dizer que vamos acabar por desistir de procurar?
Evidentemente que não. Todos necessitamos dessa partilha, aconchego, conforto e prazer em estar com alguém, só que cada vez mais procuramos quem não julgue, não critique e não avalie.
Mas estaremos preparados para isso?
Todos estaremos, mas é preciso perceber muito bem o papel do inconsciente nesta questão. Nele estão gravados os conteúdos da nossa vida. É uma espécie de base de dados que fica alerta sempre que algo se repete. Depois, se é uma relação que faz eco com alguma já vivida e assinalada negativamente, reage de acordo com isso e logo a rejeita como se adivinhasse o futuro. Como se tudo isto não chegasse ainda há que lidar ao mesmo tempo com os problemas profissionais, os económicos, os pessoais, etc (o rol seria imenso).
É preciso saber “desinfectar” estas contaminações e reagir de acordo com as emoções do momento.
Mas nem mesmo assim.
Estou a lembrar-me do livro “Mulher Procura Homem Impotente para Relacionamento Sério” da Gaby Hauptmann onde uma mulher bonita e bem sucedida se cansa dos homens potentes, ou melhor, dos que ela sentia que só a queriam usar sexualmente. E quando pensa que um homem impotente era a solução, ao encontrá-lo, logo descobre que isso não chega e faz de tudo para o tornar potente e assim lhe proporcionar e retribuir o prazer que recebia. Afinal também precisamos de dar e esta é uma visão sobre algo que muitos não pensamos mas também temos de aprender a questionar.
É isto que estou a tentar entranhar. Estou cansado dos meus arquivos de memórias e das respectivas condicionantes. De me encantar ou encantar alguém à velocidade do som e me desencantar ou desencantar alguém à velocidade da luz. De dar sem receber e de receber sem dar numa justa e satisfatória medida.
Quando alguém me inspira vontade de ir mais além sinto-me uma verdadeira bola de sabão que surge de um sopro mais intenso, ganha forma, tamanho, brilho, magia e uma gama de encantos tal como as tonalidades do arco-iris que assume, mas, ao senti-la real e não resistir tocar-lhe, rebenta e logo desaparece como se fosse um fantasma.
E o pior ainda é que às vezes rebenta-me nos olhos e deixa-os a arder com lágrimas de desespero ofuscando a razão para descobrir a culpa, de quem e dos porquês.
Sempre me considerei como uma montanha russa de emoções, capaz de trepar ao mais ingreme para satisfazer os meus desejos de aventura, de gritar no alto das minhas convicções para que me sintam o vibrar, aguentar as curvas das situações e tentar não desistir e resistir às íngremes descidas das desilusões. Mas nesta montanha russa tenho vindo a sentir-me mais frágil e mais inseguro. E não sei se é medo das voltas ou da idade da estrutura. O que sei mesmo é que este “adolescente vestido em pele mais antiga” ainda se encanta por ilusões e também ainda não aprendeu a dominar as situações/atitudes. É que, se quando mais jovem esperava mais sentimento nas relações, inclusivé naquelas que essencialmente desejava eroticamente, com o avanço da idade e aquisição de conhecimento/sabedoria, passei a esperar mais as emoções dos sentidos e não o efémero, incompleto e incerto dos sentimentos.
Também estou cansado de disputas de “Ego” que não levam a nada e de me achar ser considerado o lado que tem obrigação de decidir.
Ainda me quero “derreter” e cada vez mais à toa, sem escolhas cerebrais e factores importantes, apenas o instinto presente para saber onde vou pingar e vale a pena solidi(ficar), alias, nem preciso saber porque se for em alguém que eu não goste outro pingo cairá e noutra pessoa acertará.
A vida é assim e a maioria das pessoas também será assim. A mim, cabe-me valorizar quem é especial e alhear-me de quem não é. E é isso e apenas isso que preciso saber.