quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Que pouca vergonha...

Mais uma vez me apeteceu escrever com raiva. Porque raio será que ando virado para aí?
A resposta é obvia: Já não há paciência... mesmo!
O tema desta vez já fez correr muita tinta e muita mais irá fazer correr, mas, mesmo sendo um simples peão neste xadrez quase morbido, não resisto à tentação de “despejar” a amargura de Português suave face às peças mais importantes - Os seus politicos.
eu não sou nada politizado e até me defino como apolitico, mas isso não quer dizer que não seja um cidadão atento e que me suspendo tanto das responsabilidades de cidadão como de pagar os meus impostos, logo de financiador dos respectivos politicos também. Disse “respectivos”, e este “respectivos” implicaria saber quem elegi, mas de facto não sei. São os partidos que o fazem numa dança oportunista e sem outro intuito que não seja o de colher votos, portanto colocando-os nos circulos eleitorais mais convenientes para esse único efeito.
Até aqui, a coisa até que se consegue engolir, agora aquilo que regorjito compulsivamente é o que voltou a acontecer na Assembleia da Républica. Ausências excesssivas em momentos cruciais e ainda por cima alguns assinando fantasmagoricamente o livro de presenças. E disse momentos cruciais porque só nesses é que acabamos por saber destas coisas, tal como soubemos há uns tempos atrás de uma votação onde nem quorum houve.
Agora e por via de saberem que todos sabemos, nessa tribo agitam-se alguns elementos - uns descaradamente amenizando e outros exigindo o rolar de cabeças num ritual milenar onde os sacrificios tinham função apaziguadora. Só que sempre, e agora não vai ser excepção, as cabeças rolam por negociações secretas e conspirativas pagando o sacrificio à vitima com um bom lugar numa empresa politizada e onde eles mandam. Os Deuses a apaziguar somos nós, uns impotemtes pacóvios de memória curta e que de tudo se esquecem à primeira rezinha. A prova de estou certo foram as eleições anteriores e serão as eleições que estão aí à porta. E vão ver que os resultados eleitorais serão infelizmente mais do mesmo.
Mas neste momento estarão a perguntar: Então votamos em quem? E essa pergunta é pertinente. Da esquerda à direita e passando pelo centro não há nada de novo. As cassetes tocam a mesma música apenas com a variante/agravante de que muitos dos interpretes já são profissionais de gema, que nunca estiveram do lado da plateia nem nunca pagaram bilhete, e para mal dos nossos pecados a música que tocam, é ainda mais aperfeicoada em prol dos seus egoistas, vaidosos e faustosos intentos.
Mas com isto não quero dizer que os Politicos são malandros. Nada diso. Acho até que trabalham sem descanso e os 365 dias do anos. Mas infelizmente esse trabalho nunca é para servir os cidadãos, é para melhor saberem servir-se deles controlando eleitorados e arquitectando politicas engenhosas de impostos e afins, e assim mostrar eficácia aos seus líderes que a converterá na colocação em lugar condicente.
Então de quem é a culpa?
A palavras é gasta mas não tenho outra. É de um sistema já muito entranhado onde o poder controla com lobbies politico-económicos e os subordinados lhes lambem as botas esperando um lugarzinho mais acima e cujo topo é obviamente ser lider também. Nem falo dos complots que acontecem nese topo porque às vezes é mau demais.
Voltando ao caso da Assembleia e convertendo-o como se fosse uma empresa privada. Que faria o patrão de uma empresa em dia de responsabilidade contratual com os clientes e faltassem quase metade dos empregados, e mais, verificasse que parte deles tinham picado o ponto como se estivesem ali a trabalhar? Resposta obvia. Despedimento com justa causa.
Pois, o patrão mor da Asembleia da Républica é o Presidente da Républica que se por um lado faz declarações quase cómicas e sem fundamento razoável, ou de Pilatos lavando as mãos da sujidade feita pela sua antiga seita, nesto caso nada diz – nem uns acoites aos meninos rebeldes. E porquê? Porque também eles trabalharam e tem que voltar a trabalhar para os seu votinhos.
E poderia continuar a ir enunciando mais escandaleiras desavergonhadas e descaradas, pois se há algo em abundancia nestes País estas encabeçam a lista. A democracia não é perfeita tal como qualquer outro regime também não o será, mas caramba, ainda acredito haja gente séria na politica, capaz de se unir em torno de uma causa de salvação nacional e que tem de passar pela desinfestação destes parasitas que vivem faustosamente sugando gente indefesa. Eis o meu grito de apelo que desesperadamente faço.
Ajudem-se, ajudem-nos, ajudem-me.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Natal - Magia ou orgia

Estamos já em plena época natalícia. É que como diz o poeta , o Natal é em Dezembro mas também é quando um homem quiser.
Só que parece que todos o queremos em Dezembro.
Será por falta de memória individual ou colectiva que não nos lembramos dele nas outras épocas do Ano?
Talvez seja, mas em Dezembro ninguém escapa dele. É sempre a mesma coisa. Uma panfernália de formas e meios de markting com objectivos pouco “católicos” não nos deixam esquecer, melhor, obrigam-nos a dar conta dele e incentivam-nos a cumprir uma espécie de orgia consumista.
Mas sem dúvida que toda a gente gosta dele. Os trabalhadores tem mais feriados, os comerciantes mais lucros, os gulosos mais guloseimas e a pequenada mais mimos particularmente em forma de brinquedos – muitos até que não são brincadeira nenhuma tal a perigosidade fisica e psicologica que contém.
E assim esta época perdeu a sua magia. Pelo menos a minha perdi.
Prefiro recordar o Natal da minha infância que também era no dia 25 de Dezembro, onde também acontecia reunir-se a família, a criançada brincava mais, e havia guloseimas como a aletria, as rabanadas e os formigos ...e a missa do galo.
Pois é! O lado religioso não se exponenciou da mesma maneira mas o Natal é uma festa religiosa que entranhei por via de uma educação extremamente católica, quase fundamentalista. Hoje sou bem mais Ateu, mas tal como todos os Ateus, confortável e algo egoisticamente, ainda não me atrevi a renunciar ao Natal.
E também se enfeitava o pinheiro, se fazia o presépio e se ajeitava com carinho todos os animais em volta do menino.
Mas não havia centenas de pais Natal nas ruas, nem uma caixinha mágica nos entregava SMS de boas festas ao domicilio.
Em minha casa por mais que tanto espreitasse ao ponto de não dormir, o velhinho das barbas nunca desceu pela chaminé.
E era muito poupadinho.
Mas como que por magia aquele sapatinho que estratégicamente colocava tinha sempre uma prenda. Era nessa altura, com o meu presente bem aconchegado na mão que sempre me rendia ao mundo de magia e encantamento.
Um deles foi uma caixa de lápis de cor que vaidosamente levei comigo para a escola e orgulhosamente ostentei aos amigos. È certo que quase todos tinham e até caixas maiores que a minha, mas os meus eram diferentes. Até os conhecia pelo cheiro. Nenhuns cheiravam como os meus. E ainda hoje o cheiro a grafite me faz recordá-los e é um odor que aprecio.

sábado, 29 de novembro de 2008

Estou doente...

Apanhei uma virose daquelas mesmo chatas. Sinto muito cansaço, uma lentidão como nunca, pouca energia para trabalhar, um estado febril permanente e os preciosos recursos a irem à vida .
Os remédios habituais não fazem nada. Outros remédios diferentes também não. Alias, desses novos que desesperadamente procurei, se alguns nada fizeram, outros indicados por curandeiros sem escrúpulos, o melhor que fizeram foi trazerem mais males. È preciso ser-se muito sacana para fazer isso a quem precisa de ajuda… não é?
Não consigo segurança, nem um ponto de apoio, e o desespero instalou-se. Tento refrescar com ar novo mas a intoxicação fica na mesma. Tento apagar da memória estes danos mas ela recusa-se terminantemente a permitir que o faça, e depois, o mais doloroso é assistir impotente a todo o sistema de defesas muito fragilizado e o contágio acontecer. E estar vulnerável é muito perigoso. Nunca sabemos o que nos pode atacar. Coisa desgraçada e danada me haveria de acontecer. E isto tirou-me o sono. E para além de me estragar a vida profissional deixa-me stressado, neurótico e lixado com o Criador de tamanha maleita. Ainda se fosse um Deus qualquer, diria que era para pagar os meus imensos pecados, mas não, é obra do Diabo mesmo. Porque raio se fazem estas coisas? Que pretenderá com isso? Não sei, mas que tem de haver algum interesse lá isso tem. Será pelo prazer de fazer mal, será por divertimento, será a ganância de quem faz os remédios, será?
Há muito tempo que não era vítima de uma coisa destas mas este vírus apareceu de novo e com muitas mutações, e não contava com tamanha “prenda de Natal”. E logo eu que me pauto por ser muito cuidadoso. Mas alguma vez tinha de me acontecer.
E ainda por cima o danado tem nome. Chamam-lhe “bagle” Há quem lhe chame "gusamo" ou "praga bagle". Basta procurar na net e encontram imensa informação sobre. Mas não se assustem nem tenham crises de hipocondrismo a pensar estarem contagiados também. Mesmo assim reparem nos sintomas que falei, analisem e tenham todo o cuidado.
Agora que foram procurar e já sabem de que praga falo, claro que já sabem também que é o meu PC que está doente, melhor, esteve, e não eu …. felizmente .
Foi é “ProvocaDaMente” uma parábola para fazer juz ao meu nick.
Antes de terminar, deixo uma chamada de atençáo aos meus plagiadores do puro copy/paste, particularmente aqueles que nem chegam a ler tudo e publicam assinando como se fosse autoria deles. Façam o favor de alterar o nick para o vosso. Ao meu plagiador preferido de nick “mjoca” (publicidade de borla... que sorte ), eu adianto já o texto para substituir (Foi é uma parábola “mijoca” para fazer juz ao meu nick). Aiiiiii! tem um “i” a mais mas pronto, confesso que foi de propósito .
Com esta “chalaça" já fiquei mais feliz, e bem preciso. É que fiquei mesmo doente de verdade. Perdi muitas horas a corrigir os estragos deste maldito vírus e a correr de vez com esse patife.
Mas pronto! Assunto arrumado e voltou a alegria …e algum tempinho para duas de conversa

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Os finórios, os palermas, os coitadinhos e já chega…

Confirma-se a “teoria do trouxa”.
Passar ao lado e ter o sentimento de resignação e impotência é mesmo coisa bem lusa.
Mas é preciso combater isso e a hora é esta.
Dizem que é fácil escrever desabafos mas ninguém apresenta soluções/sugestões.
Pois, mesmo correndo o risco de dizer disparates e assim demonstrar a minha ignorância, eu atrevo-me
Nada de destruir o Estado, deixar de pagar etc etc., isso seria nefasto a todos. Mas que tal experimentarmos carregar a nossa energia para agir de alguma maneira estando todos os dias atento. Por exemplo: Esta manhã, mesmo abafadas pela típica “futeboleirisse” portuguesa do jogo Brasil-Portugal onde até aí e mais uma vez o nosso orgulho saiu ferido, ouvi duas noticias que me inspiram à denuncia. Vamos a elas.
Uma falava de que se privilegia o controle de velocidade nas vias secundárias às auto-estradas, melhor, não existe sequer nas auto-estradas. Ora sabemos todos porquê ...não sabemos? Se acontecesse o contrário, e como ninguém paga aquele balúrdio que custam para andar a 120 Km/Hora, perderiam clientela, que por sua vez perderiam receitas, logo, os seus accionistas fazem lobbies para não lhes arder o bolso (quem serão? Seguramente que os principais serão outros tubarões das politicas como os do BPN). Por outro lado, factura o estado nas multas conseguidas em “ratoeiras” propositadamente desenhadas para a "caça à multa". E todos conheceremos algumas.
A outra falava de um Médico acusado de negligência ao dar alta a um poli-traumatizado que veio a falecer depois e por via disso. Foi condenado ao pagamento de 3.000 Euros (eu ponho por extenso para não haver dúvidas: Três Mil Euros), mas já em recurso - tinha sido ilibado em julgamento de primeira instancia. Caricato não?! É que se pensarmos que qualquer cidadão está sujeito ao Crime de Omissão de Auxílio “Quem, em caso de grave necessidade, nomeadamente provocada por desastre, acidente, calamidade pública ou situação de perigo comum, que ponha em perigo a vida, a integridade física ou a liberdade de outra pessoa, deixar de lhe prestar o auxílio necessário ao afastamento do perigo, seja por acção pessoal, seja promovendo o socorro, é punido com pena de prisão até 1 ano ou com pena de multa até 120 dias”. Então, um médico que faz isto no exercício da sua profissão que merecerá de punição tanto civilmente como até patronalmente? E a Ordem dos médicos… onde está?
Adiante! Agora já mais aquecidos com estas vergonhosas noticias o que podemos fazer?
Denunciar, denunciar e denunciar. Dar um pouquinho do nosso tempo e reclamar por carta, um simples email, aleratar e despertar consciências ao falar disto aos amigos, etc. Não é dificil saber os endereços de para onde o fazer. Alias, nós, os destas lides virtuais nem temos desculpa. Sabemos usar estes meiois e basta roubar um pouquinho de tempo às mensagens que por prazer trocamos e denunciar de qualquer maneira …Quem gosta de nós até vai gostar mais .
O resultado, será o que consta de em qualquer manual de comportamento humano. Qualquer ser humano é sensivel à denuncia - mesmo os denunciados, e sendo nós muitos, muitos mais se juntarão. E com tanta ovelha tresmalhada certamente aparecerá Pastor que goste destas ovelhas. Os mesmos Pastores é que não podemos querer. Já sabemos o resultado. E quem não souber ainda, experimente ouvir um dos debates mensais da Assembleia da Republica e logo vai descobrir que todos, todos sem excepção, tem o “rabo preso” e se acusam mutuamente. Um programa de humor diga-se!
Por falar em “rabo”, a natureza desproviu-nos desse apêndice, portanto não façam de conta que o teem e muito menos o metam entre as pernas.
Vamos lá fazer algo. Vai resultar… penso eu de que….

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Os finórios, os palermas, os coitadinhos e os trouxas...

Na senda do meu post anterior e como estou numa fase mais acutilante vou aproveitar para desopilar mais um pouco.
É que me tenho sentido um palerma acomodado numa pacovice ingénua, e o pior é que seguramente não estou sozinho nesta condição e sentimento.
Reparemos no seguinte:

O Estado protege e privilegia de forma cada vez mais descarada os seus membros, a sua tribo da mesma cor politica (e suspeito que não só), compadres, lobbies e afins. Excepto a nós que não fazemos parte do grupo referido e nos esfalfámos a trabalhar. É certo que as pessoas de bem, com sensibilidade e valores ainda não contaminados por essa ganância, egoísmo e desrespeito social, não alinham nisto (reforço o “ainda” porque nem é difícil deixarmo-nos tentar), mas também não é fácil fazer parte dessa pseudo elite descarada e sem vergonha. Só que há uma outra forma de conseguir os mesmos resultados. Sabem qual é? …É sermos coitadinhos.
Os coitadinhos que não fazem nada nem lhes imputam quaisquer deveres, mas tem todos os direitos.
Se não trabalham o Estado dá rendimento de inserção social.
Se são viciados o estado paga desintoxicação, drogas substitutas, etc.
Se vão ter relações sexuais o estado dá preservativos.
Se não lhes apetece usar o dito, o estado fornece a pilula do dia seguinte.
Se mesmo assim engravidarem o estado fornece opção de escolha - aborto ou subsídios de familia.
Se contraem doenças por esses descuidos e abusos, o estado cuida gratuitamente e sem taxas.
Se forem para a cadeia continuam a ter isto tudo, cama e mesa e até as salas de chuto … e droga!
E se reincidirem continuamente o estado continua a pagar e ainda lhes dá apoio psicológico.
Agora, quem trabalha e paga impostos o que achará disto? ...e particularmente o meio milhão de pessoas que se levanta de madrugada e vai estoirado para a cama às tantas da noite, tem que fazer a marmita para poupar, paga e atura horas em transportes quase de animais, cumpre um horário de trabalho do pior, ainda por cima ouvem de tudo porque são sempre os mais fáceis de condenar pelos erros, mas, e que ao mesmo tempo os catalogam profissionalmente de indiferenciados como se não ter um canudo os transforme em mentecaptos “aleijadinhos” , e no final, um mês depois disto tudo …receber o salário mínimo. E se bufar lá se vai a renovação do contrato.
Só que não fica por aqui. Teem que pagar impostos …e para quem?
Fácil de ver não é?
Para todos aqueles finórios que acima menciono, e ainda? …para os coitadinhos, e ainda? …perde os direitos de coitadinho.
Dahhhhhh! Não é?

Se não tentarmos acabar com isto somos é todos uns trouxas.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Momento de raiva

Hoje fui almoçar tarde, ainda por cima demorei-me bastante, e o pior é que tenho tanto que fazer. Mas, como vos contarei adiante, foi um almoço diferente e vou ficar aqui a desabafar um pouco. Alias, nem é desabafar ou sequer perder-me, é a necessidade que sinto em ter que fazê-lo.
É certo que ao lerem os meus posts ficarão confusos sobre a minha pessoa. Sei que eles, ora deixam perceber-me como alguém muito de “corpo”, ora muito de “alma”, ora muito cerebral/racional, ora muito espirituoso, ora uma mistura conflituosa e pouco inteligível desta dualidade/multiplicidade, etc, etc.
Este não vai ser diferente nem igual, mas vai ser de raiva, tal tem sido a densidade e intensidade emocional que se tem “entranhado” em mim nestes últimos dias.
Sou péssimo a comentar situações chocantes porque me afectam de um modo tão duro que uma certa raiva e impotência me deixa algo impotente e bloqueado. Normalmente passo por um processo de emoção demasiado forte para conseguir alinhavar palavras com sentido, mas como já estou um pouquinho recuperado e também com sentimento de “mea culpa“, aqui vai.
Como disse, fui almoçar algo tarde. Já é costume, mas hoje ainda mais tarde que o habitual por imperativos profissionais.
Esta semana começou mal e adivinho-a atípica e com afazeres extraordinários. Mas nada de novo, nada a que já não esteja habituado. Só que este desfasamento do habitual fez-me cruzar no restaurante onde habitualmente almoço com um Amigo de longa data e que não via há muito tempo. Foi bom revê-lo, relembrar e entregar-me em “duas de conversa” com aquele ser-humano estupendo e de quem tinha saudades. Só que a conversa trouxe no meio uma situação que há muito me vem fazendo pensar. O egocentrismo galopante, a ganância de meia-duzia de “todo-poderosos” sem escrúpulos e o alheamento de todos nós. E de quê? Dos valores sociais, de respeito, obrigação e solidariedade social a que muito habilmente passamos ao lado com um acenar de lamento mas lavando as mãos como Pilatos, ou pior, fazendo tilintar a moeda de maneira a que tal tilintar nos devolva ao ego ainda mais do que o investido.
E chega de tamanha ganância, egoísmo e hipocrisia.
Voltando ao meu Amigo. Vinha de uma reunião com o poder autárquico onde solicitava apoio para um centro de acolhimento de crianças carentes de todo o tipo - dificientes, abandonadas, esfomeadas, etc. Só que estava furioso. Esta época Natalícia é a mais adequada a fazer uma feirinha com coisas feitas/oferecidas por gente que apoia a instituição, mas desta vez nem o espaço lhe cederam. Como se não chegasse, recusam desde sempre outros apoios de “dinheiros públicos” porque o espaço da instituição não tem a qualidade obrigatória das instalações, nem todos os equipamentos conforme a lei …Como se essas condições “asaeianas” fossem o minimo obrigatório e indispensável para quem em casa tem muito menos, ou não tem nada... ou pior, nem casa tem. E assim se desculpam "abafando" as verbas para proveito de quem afinal? Isso a “Vox Populi” sabe e diz à boca cheia, mas já repararam nas coisas estúpidas que usam como desculpa? Porque raio os nossos “mídia” não colocam sempre uma noticia destas ao lado de uma onde o estado gasta caprichosamente os nossos milhões em “brinquedos e brincadeiras” para si mesmos?
Politiquisses - dirão …mas quais, de que cor e/ou facção? São todos iguais. São todos é "poderes" que descuidadamente vamos permitindo existam e se instalem… nem desconforto lhes causamos (perdoem-me os professores que sem querer opinar e/ou julgar a causa, a estão a defender em força, convictamente e com um espírito de união exemplar).
Depois é esta inércia e egoísmo social. Porque carga de água não nos lembramos que o Estado e toda a gente empurra para terceiros esta responsabilidade? O problema é que nesta questão não há terceiros... os terceiros são os primeiros e os segundos - todos nós ...que em qualquer momento podemos ser vitimas. E porque será que a “dor” disto desaparece na hora de colocar uma cruz de voto, ao dobrar a esquina e perante uma montra “apetitosa“, ao vermos passar o último modelo daquela marca de carros que nos faz sonhar, ou aquela mulher ou homem que nos faz estremecer com tanta sensualidade e charme, ao tolerar um comportamento anti-social ou egoísta tanto de um estranho como de quem nos é próximo e/ou até temos responsabilidades educativas? (não digam que não é convosco pois estes Senhores também tiveram Pais, Mães, Avós, Amigos esmerados e cuidadosos, mas que algo correu mal… correu!)
Também na semana passada ouvi na TSF uma reportagem sobre maus tratos e extorsão a idosos, e fiquei escandalizado. E mais, já sabia disso tudo mas parecia que me tinha esquecido.
Na última sexta também soube de uma história arrepiante de extorsão feita por aqui e de forma “profissional”, de alguém que encenava até ao pormenor as suas performances de sedução, dizendo-se de uma profissão de elite e da qual até usava a farda e frequentava o meio. E não me venham dizer que só cai quem quer, porque sabemos que cai quem ainda mantém a fé no ser humano e acredita em amizade verdadeira e obviamente da qual solidariedade em momentos difíceis faz parte.
E um utilizador deste espaço, de nick “mjoca”, um homem maduro, aparentemente com carácter, idoneidade e com uma imensidão de blogs muito interessantes, mas que faz copy/paste literal dos blogs dos outros, publica-os como seus e até assina com o seu nome e adiciona o “R” de registado. Claro que não menciona a fonte e assim usurpa e engana quem lê fazendo-se parecer ser quem não é. Como se não bastasse, confrontas o dito Sr. com isso e o que faz? Lista Negra e bloqueia-te!. O mau és tu!
E os moderadores disto que nada dizem perante a denúncia, quando tão depressa agem perante outras coisas tão vulgares e comuns neste espaço cibernético, e como se tal acto fosse menos grave em termos de valores e comportamentos sociais do que publicar uma imagem com alguma carga sensual ou erótica (e falo de gente adulta)? Dá que pensar não dá?
E todos estes comportamentos estão a fazer de todos nós autênticos icebergs sentimentais e proprietários de almas duras como aço. E as atitudes quotidianas de falta de respeito pelos outros?
Passa-se à frente sem sequer olhar para quem já lá está, interrompe-se quem está ocupado só porque temos pressa, desrespeitamos compromissos sem tentar fazer qualquer esforço para os cumprir, andamos meia hora à procura de um lugar de estacionamento e se encontramos dois chapamos o carro no meio deles e assim não cabe mais outro, enfim, agimos como se os outros fossem meros objectos ou paisagem.
Também nos equipamentos colectivos ficamos indignados se algo não funciona ou foi maltratado, mas pouco ou nada nos preocupamos para que fique a funcionar. Se está sujo, sujo fica, mas se estivesse limpo usava-mos e limpava-mos, logo, o trabalho seria o mesmo e dava-mos a nossa colaboração… e ensinamento. Quem sabe o próximo aprendia a lição e limpava também? Porque tendemos todos em ser a excepção, o épicentro, o umbigo e raramente parte integrante de um todo que nos envaideça individualmente?
Isto não se pode ensinar? Isto não se deve aprender?
É que nem sempre foi assim. Em tempos idos e de austeridade estes valores tinham mais peso, e, se a fartura dá nisto, abençoada seja a crise então.
Porque estamos a destruir aquilo que as gerações anteriores construiram com dedicação, entusiasmo, trabalho e esforço. Nem todos estavam certos… é certo, mas pior fazemos nós que nem sequer sabemos adoptar o melhor e enjeitar o pior. Embalados num frenezim colectivo e compulsivo baralhamos tudo. Queremos uma sociedade baseada na equidade, na justiça, na igualdade e na inter-dependência, que assegure uma melhor qualidade de vida para todos sem discriminações de nenhum tipo e que reconheça e aceite a diversidade como fundamento para a convivência social. Uma sociedade na qual o respeito à dignidade do ser humano e a condição da pessoa, de todos os seus integrantes, sejam valores fundamentais; que garanta a sua dignidade, os seus direitos, a sua auto-determinação, a sua contribuição na vida comunitária e o pleno acesso aos bens sociais. Mas nada fazemos.
Tanto a sociedade como o estado tem o dever de estarem atentos e fazerem a sua quota parte. É uma dívida social que precisa ser paga …e paga com urgência.
Eu tentei pagar uma pequena prestação dispensando o tempo para partilhar meditar isto convosco. É pouco mas é alguma coisa.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Procura-se amante

Encontrei este blog e era inevitável não querer "adoptá-lo" tal a forma como "diz" o que penso/sinto.

Muitas pessoas têm um amante, e outras gostariam de ter um. Há também as que não têm, e as que tinham e perderam.
Geralmente são estas últimas que vêem ao meu consultório para me contar que estão tristes ou que apresentam sintomas típicos de insónia, apatia, pessimismo, crises de choro, ou as mais diversas dores.
Elas contam-me que as suas vidas correm de forma monótona e sem perspectivas, que trabalham apenas para sobreviver e que não sabem como ocupar o tempo livre.
Enfim, são várias as maneiras que elas encontram para dizer que estão simplesmente a perder a esperança.
Antes de me contarem tudo isto, já tinham estado noutros consultórios, onde receberam as condolências de um diagnóstico firme: "Depressão"... além da inevitável receita do anti-depressivo do momento.
Assim, depois de as ouvir atentamente, eu digo-lhes que elas não precisam de nenhum anti-depressivo. Digo-lhes que o que elas precisam é de um Amante!
É impressionante ver a expressão dos olhos delas ao receberem o meu conselho. Há as que pensam: "Como é possível que um profissional se atreva a sugerir uma coisa destas ?!".
Há também as que, chocadas e escandalizadas, despedem-se e não voltam nunca mais. Às que decidem ficar e não fogem horrorizadas, eu explico-lhes o seguinte:
Amante é "aquilo que nos apaixona". É o que toma conta do nosso pensamento antes de adormecermos, e é também aquilo que, às vezes, nos impede de dormir. O nosso Amante é o que nos mantém distraídos em relação ao que acontece à nossa volta. É o que nos mostra o sentido e a motivação da vida.
Às vezes encontramos o nosso amante no nosso parceiro, outras vezes, em alguém que não é nosso parceiro, mas que nos desperta as maiores paixões e sensações incríveis. Também podemos encontrá-lo na pesquisa científica ou na literatura, na música, na política, no desporto, no trabalho, na necessidade de nos transcendermos espiritualmente, numa boa refeição, no estudo, ou no prazer obsessivo do nosso passatempo preferido...
Enfim, Amante é "alguém" ou "algo" que nos faz "namorar" a vida e nos afasta do triste destino de "ir vivendo". E o que é "ir vivendo"?
"Ir vivendo" é ter medo de viver. É vigiar a forma como os outros vivem, é o deixarmo-nos dominar pela pressão, andar por consultórios médicos, tomar remédios multicoloridos, afastarmo-nos do que é gratificante, observar decepcionados cada ruga nova que o espelho nos mostra, é aborrecermo-nos com o calor ou com o frio, com a humidade, com o sol ou com a chuva. "Ir vivendo" é adiar a possibilidade de viver o hoje, fingindo contentarmo-nos com a incerta e frágil ilusão de que talvez possamos realizar algo amanhã.
Por favor, não se contentem com "ir vivendo". Procurem um amante, sejam também um amante e um protagonista da vossa vida...
Acreditem que o trágico não é morrer, porque afinal a morte tem boa memória e nunca se esqueceu de ninguém. O trágico é desistir de viver, por isso, e sem mais delongas, procurem um amante.
A psicologia, após estudar muito sobre o tema, descobriu algo transcendental:
"Para se estar satisfeito, activo, e sentirem-se jovens e felizes, é preciso namorar a vida".

Texto: Dr. Jorge Bucay
Livro: "Hay que buscarse un Amante"
In Sweetmamy9

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Más etiquetas... e piores maneiras

Não, não vou falar de normas e regras comportamentais nem de boas maneiras, mas sim das etiquetas reais, daquelas que com marcam tudo e mais alguma coisa. E se para uns significam estatuto, para outros significam desespero e enchem a paciência até aos limites. E depois lá se vão as boas maneiras.
Ontem comprei algo que não importa especificar, e pela milionésima vez deparei-me com uma etiqueta bem grudada e escarrapachada no lado mais interessante da coisa . Quem as cola deveria ser punido no mínimo a trabalhos forçados… ou seja, descolar dez etiquetas por dia.
Em primeiro lugar devo dizer que como todas, era uma etiqueta muito inestética. Depois, para além de cumprir a missão de informar o preço trazia inscritas informações dúbias como “made in CE”. Onde é que isso fica? Na China certamente. E como se não bastasse, para lhe aumentar o tamanho , lá estava bem destacado o código de barras quase “psicadélico”, uma sequência de traços negros intercalados de outros tantos em branco, uns mais gordos que outros, que me fazem sempre recordar separatismo racista e descriminação estética já que imperam os traços elegantes. Mas adiante!
O pior foi quando me quis desfazer daquela coisa. É que insistem em usar uma cola melhor que bênção de casamento e que nunca descola sem deixar marcas indeléveis. Mas lá meti mãos à obra… melhor, a unha mesmo, mas rasgou-se tudo sem sucesso. Um divórcio imperfeito - bocadinhos de papel com a impressão para um lado e o resto do papel bem agarrado à cola para outro. E agora nem a unha lhe pegava. Tentei um x-acto mas o que consegui foi fazer um arranhão. Tentei uma lâmina de barbear mas o melhor que consegui foi um corte e tingir tudo de vermelho. Tentei humedecer com água mas nada. Daí que toca a procurar no arsenal de químicos algo que retirasse aquela “gosma” que não tinha comprado. Sobrava usar alcool, acetona, diluente, benzina e outras coisas que imaginava não puder usar pois talvez me estragasse irremediávelmente a coisa que era de plástico. Pedi ajuda a um amigo habilidoso que me disse bastar colocar fluido de isqueiro e humedecer a etiqueta. Afinal era benzina o remédio milagroso e deveria vir como instrução na própria etiqueta. Mas não foi! Aquilo derreteu-me tudo e fiquei com a sensação de que o fluido de isqueiro era mas é para lhe pegar o fogo e fazer desaparecer tudo.
“Furibundo” fui reclamar à loja e para meu espanto, a angelical menina da recepção que me atendeu, disse-me: “Só posso trocar se tiver o talão de compra e tudo intacto”. Do talão nem falo pois deveria ser uma factura e tinha-me “enfiado” um talão, mas isso é outro assunto para “tangas das finanças”. Expliquei, repliquei, implorei mas só consegui ser ouvido pelo livro de reclamações onde escrevi do pior e que agora espero resposta (estou sentado). Mas isto não ía ficar assim. Comprei o mesmo artigo e de imediato no caixa solicitei retirassem a etiqueta. Foi do melhor. A menina pediu apoio à chefe, que por sua vez pediu à responsável de secção e juntaram-se umas quantas funcionárias (vá lá que eram mulheres bonitas e bem cheirosas… a simpatia tinha-se ido) mas que desistiram depois de rasgar todas as etiquetas de todo o stock … e sem me conseguirem apresentar o artigo limpo. Da fila de clientes e comentários também não vou falar.
E teria sido um “divertimento” se não tivesse dado conta que me coçava insistentemente no pescoço. Não é que estreava uma camisa, e o raio da etiqueta me fazia coçar de tal forma ao ponto de ficar com a pele irritada? Com a neura, peço uma tesoura, vou ao WC, dispo-a e tento cortar aquilo. Pois bem, ali, as costiuras tinham a segurança que o resto da camisa não tinha. Umas sobre as outras ao ponto de se tornar impossível descoser. Sem solução, tento cortar com todo o cuidado mas mesmo assim fiquei com dois buracos no sitio das costuras.
Agora imaginam como fiquei?
Pois é! Tinha que fazer qualquer coisa e decidi que deveria reclamar de outra maneira, e mais que isso, fazer um alerta, um movimento, um partido anti-etiquetas, …sei lá que mais, mas ficar quieto é que não.
E a Internet seria um bom meio. Cheguei a casa e toca a ligar o PC. mas imagem no monitor é que nada. Como trabalho nisto, toca a retirar a tampa e verificar o que se estava a passar …mas como era o “dia da etiqueta” e já vi milhares de PCs terem problemas sérios por causa das etiquetas de garantia que colocam nos componentes, lá fui ver a placa gráfica. Pois é! Como “em casa de ferreiro se usa espeto de pau” não é que lá estava a “famosa” a provocar um curto-circuito?
Meu Deus… pensei eu. Hoje é melhor sentar-me no sofá, pegar num livro, servir-me numa bebida e ouvir uma música bem suave. Eu gosto de relaxar assim e compilei um cd com músicas da minha eleição, e, como gosto de ter tudo bem marcado fiz uma daquelas etiquetas que se colam nos cds com o countéudo, data, etc. É verdade, falei em etiqueta sim, e não é que o raio do cd estava danificado porque a cola da dita diluiu a camada reflectora do cd e tornou-o ilegível?
Ahhh porra! Disse mais que isso mesmo, e porque me tinha acabado de lembrar de uma sessão de “strip-tease” feita uns tempos antes numa loja onde o alarme embicou comigo só porque um fiozinho metálico tinha sido “instalado” no interior de umas peúgas que nesse dia decidi estrear. Mas não vencido fui entregar-me ao assunto no sentido de alertar e formular algumas teorias sobre etiquetas (embora e se calhar já todas fruto de uma mente perturbada, claro)...
Eis algumas:

- Quem cola as etiquetas precisava ter um curso superior sobre direitos humanos.
- Afinal a cola boa, aquela que custa uma pipa de massa e até cola os cientistas ao tecto não é melhor que esta usada nas etiquetas mas é bem mais cara, e não acredito que usem cola cara em algo que nem cobram.
- Toda a etiqueta é costurada 254 vezes no mesmo lugar e eu acho que a intenção é para que nunca, jamais, never, em momento alguém a consiga arrancar.
- As etiquetas tem vontade própria e são muito temperamentais logo, quanto mais as esfregamos mais dificil será arrancá-las.
- As etiquetas não são produzidas com o objectivo de nos informar mas sim de nos prejudicar.
- O tamanho das etiquetas não conta pois todas são grandes chatas, tóxicas e más.
- Todas as etiquetas deveriam ter instruções de auto destruição.

E como diz a canção, não sou o Dinis, o Rei dos glutões e nem as etiquetas me causam sensações (das boas). Daí que declaro guerra aberta às etiquetas e aconselho-vos a fazerem como eu. Peçam para as tirar no momento da compra. Mas vão com tempo.




segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Relações, ralações e outras complicações

Mais um tema complexo já pensado e repensado por tanta gente, mas que neste momento faz-me todo o sentido pensar nele.
No que diz respeito à procura de relações, a frase que provavelmente mais se vai dizendo por aí, desta ou de outra maneira, ou não dizendo mas pensando, será: “procuro homem/mulher para relação duradoura, séria, etc...”.
Pois bem, se cada um de todos nós as sonha e deseja com sucesso, afinal porque é que a dois fica tão difícil concretizar?
Eu só sei ser isso o que me acontece, e como eu, cada um de todos nós sentirá o mesmo. Agora explicação é que não sei se haverá mas é o que normalmente acontece, acabar por ter ralações e a desilusão deixar mais um degrau para subir na próxima tentativa.
E quer isto dizer que vamos acabar por desistir de procurar?
Evidentemente que não. Todos necessitamos dessa partilha, aconchego, conforto e prazer em estar com alguém, só que cada vez mais procuramos quem não julgue, não critique e não avalie.
Mas estaremos preparados para isso?
Todos estaremos, mas é preciso perceber muito bem o papel do inconsciente nesta questão. Nele estão gravados os conteúdos da nossa vida. É uma espécie de base de dados que fica alerta sempre que algo se repete. Depois, se é uma relação que faz eco com alguma já vivida e assinalada negativamente, reage de acordo com isso e logo a rejeita como se adivinhasse o futuro. Como se tudo isto não chegasse ainda há que lidar ao mesmo tempo com os problemas profissionais, os económicos, os pessoais, etc (o rol seria imenso).
É preciso saber “desinfectar” estas contaminações e reagir de acordo com as emoções do momento.
Mas nem mesmo assim.
Estou a lembrar-me do livro “Mulher Procura Homem Impotente para Relacionamento Sério” da Gaby Hauptmann onde uma mulher bonita e bem sucedida se cansa dos homens potentes, ou melhor, dos que ela sentia que só a queriam usar sexualmente. E quando pensa que um homem impotente era a solução, ao encontrá-lo, logo descobre que isso não chega e faz de tudo para o tornar potente e assim lhe proporcionar e retribuir o prazer que recebia. Afinal também precisamos de dar e esta é uma visão sobre algo que muitos não pensamos mas também temos de aprender a questionar.
É isto que estou a tentar entranhar. Estou cansado dos meus arquivos de memórias e das respectivas condicionantes. De me encantar ou encantar alguém à velocidade do som e me desencantar ou desencantar alguém à velocidade da luz. De dar sem receber e de receber sem dar numa justa e satisfatória medida.
Quando alguém me inspira vontade de ir mais além sinto-me uma verdadeira bola de sabão que surge de um sopro mais intenso, ganha forma, tamanho, brilho, magia e uma gama de encantos tal como as tonalidades do arco-iris que assume, mas, ao senti-la real e não resistir tocar-lhe, rebenta e logo desaparece como se fosse um fantasma.
E o pior ainda é que às vezes rebenta-me nos olhos e deixa-os a arder com lágrimas de desespero ofuscando a razão para descobrir a culpa, de quem e dos porquês.
Sempre me considerei como uma montanha russa de emoções, capaz de trepar ao mais ingreme para satisfazer os meus desejos de aventura, de gritar no alto das minhas convicções para que me sintam o vibrar, aguentar as curvas das situações e tentar não desistir e resistir às íngremes descidas das desilusões. Mas nesta montanha russa tenho vindo a sentir-me mais frágil e mais inseguro. E não sei se é medo das voltas ou da idade da estrutura. O que sei mesmo é que este “adolescente vestido em pele mais antiga” ainda se encanta por ilusões e também ainda não aprendeu a dominar as situações/atitudes. É que, se quando mais jovem esperava mais sentimento nas relações, inclusivé naquelas que essencialmente desejava eroticamente, com o avanço da idade e aquisição de conhecimento/sabedoria, passei a esperar mais as emoções dos sentidos e não o efémero, incompleto e incerto dos sentimentos.
Também estou cansado de disputas de “Ego” que não levam a nada e de me achar ser considerado o lado que tem obrigação de decidir.
Ainda me quero “derreter” e cada vez mais à toa, sem escolhas cerebrais e factores importantes, apenas o instinto presente para saber onde vou pingar e vale a pena solidi(ficar), alias, nem preciso saber porque se for em alguém que eu não goste outro pingo cairá e noutra pessoa acertará.
A vida é assim e a maioria das pessoas também será assim. A mim, cabe-me valorizar quem é especial e alhear-me de quem não é. E é isso e apenas isso que preciso saber.

sábado, 9 de agosto de 2008

"por favor, me toque"

Senti-me tocado por estas palavras e partilhando-as vou deixar falem por mim.

"Se sou bebê,
Por favor, me toque.
Preciso do seu afago de uma maneira que talvez nunca saiba.
Não se limite a me banhar, trocar a minha fralda e me alimentar,
Mas me embale juntinho de você, beije meu rosto e acaricie meu corpo.
Seu carinho gentil e confortador me transmite segurança e amor.

Se sou criança,
Por favor, me toque.
Ainda que eu resista e até o rejeite,
Insista, descubra um jeito de atender minha necessidade.
Seu abraço de boa noite adoça meus sonhos.
Seu carinho de dia me diz o que você sente de verdade.

Se sou seu adolescente,
Por favor, me toque.
Não pense que eu, por estar quase crescido, já não precise saber que você ainda se importa.
Necessito de seus braços carinhosos, de uma voz terna.
Quando a vida fica difícil, a criança em mim volta a precisar.

Se sou seu amigo,
Por favor, me toque.
Nada como um abraço afetuoso para eu saber que você pensa em mim.
Um gesto de carinho quando estou deprimido garante que sou amado,
E me reafirma que não estou só
Seu gesto de conforto talvez seja o único que eu consiga.

Se sou seu parceiro sexual,
Por favor, me toque.
Talvez você pensa que sua paixão basta,
Mas só seus braços detém meus temores.
Preciso de seu toque terno e confortador, para me lembrar que sou amado apenas porque eu sou.

Se sou seu filho adulto,
Por favor, me toque
Embora eu possa até ter minha própria família para abraçar,
Ainda preciso dos seus braços quando me machuco.
Como filho adulto, a visão é diferente,
Eu os estimo mais ainda.

Se sou seu pai idoso,
Por favor, me toque,
Do jeito que me tocaram quando era bem pequeno.
Segura minha mão, sente-se perto de mim, dê-me força
E aqueça meu corpo cansado com sua proximidade.
Minha pele, ainda que enrugada, adora ser afagada,
Não tenha medo,
Apenas me toque."

Phyllis K. Davis