quinta-feira, 19 de março de 2009

E porque hoje é o dia...

...e porque quero comemorar, fui ao meu "baú" buscar estes dois textos.

Ao meu pai.
O meu pai era um homem puro nas palavras, nos sentimentos e em tudo o que fazia.
Mas eu não sabia.
Todos os dias bem cedo me levava pelo pulso, à missa.
Achava ele que assim eu nunca fugiria.
Mas eu não sabia.
No regresso, íamos sempre ao Café Avenida tomar um galão e comer um pão com manteiga antes de me deixar na escola, só que.... comprava-me sempre uma “chicla” e eu sempre fazia com que ela durasse muito tempo para me adoçar a dor da sua mão forte e segura.
O meu pai tinha sempre um cheiro neutro a banho fresco e isso marcava a sua ausência de vícios e definia o seu carácter.
Era firme como uma rocha.
E muito fiel às suas convicções.
Era a minha grande referência de vida.
Muitas noites sonhava que ele me pegava ao colo e me deixava sentir aquele seu carinho que via nos olhos mas não sentia na pele.
Mas ele não sabia dos meus sonhos... nem eu lhe falava dos meus desejos.
Nem nunca vai poder saber.

Aos meus filhos.
Se amar fosse bastante e capaz de definir o quanto gosto dos meus filhos, dedicava-lhes um poema de amor.
Mas não é.
Ser pai é muito mais que isso.
É repartir o corpo, a alma e o coração.
É tocar num poderoso e único sentimento.
É sentir o âmago da essência humana.
É ter afeições nunca dantes tocadas.
É aprender a amar para saber ensinar o amor.
É amar como teria gostado de ser amado.
É dar o que gostaria de ter recebido.
É ser educador e educando na mesma escola.
È emprestar a sua própria vida e história.
É perdoar como nunca foi capaz de o fazer.
É ver partir sem sofrer.
E sou pai.
Sou simplesmente pai.
Adoro-vos meus queridos filhos.

E hoje tento condensar numa frase.
Um pai é um filho vestido do avesso que ensina o melhor e previne o pior do que aprende enquanto filho.