sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Não há estômago que aguente...

O meu hoje não aguentou e tive vómitos em pleno almoço.
Não pensem que foi por culpa da comida que mesmo num modesto restaurante e gerido familiarmente, é boa e barata. Penso muitas vezes até que só ganham para a sopa quando a mesma sobra.
Mas eu digo o que aconteceu.
Mesmo a meio do meu almoço surgiu uma noticia naquela caixinha que nos trás o mundo pela porta dentro – a televisão – e onde vi o presidente executivo da EDP, o tal que entre salário e prémios recebe 3,1 milhões de euros por ano, pedir aos Portugueses que em média ganham por mês o que ele ganha por hora - e se trabalhasse 8 horas por dia, o que ninguém acredita -, subscrevam pela factura da electricidade um donativo mensal de 50 centimos para auxiliar povos sub-desenvolvidos que não tem energia electrica. Certamente acha que juntar este donativo ao roubo da contribuição áudio-visual – que recentemente soubemos servir para pagar chorudos salários – faria todo o sentido. E será que se ía pagar IVA do donativo como naquelas SMS de solidariedade?
Adiante...
Como se isto não fosse já uma afronta por ser dito por aquela “boca” estupidamente cara e com o desplante de enquanto presidente da EDP se tenha esquecido que em Portugal nem todos tem energia electrica em casa e pedem a desgraçados carenciados fortunas só para colocar a linha, também apresentou Angola como exemplo de País a apoiar.
Caricato não é? Logo Angola cujo presidente é um dos homens mais ricos e um dos países mais corrupto do Mundo.
De facto as pessoas carenciadas não tem culpa, mas nunca será desta maneira que o mundo se tornará mais justo e equitativo, e muito menos enquanto estes asquerosos senhores tiverem as redeas do poder.
Nós sim, mesmo comparativamente insignificantes é que temos o dever de os denunciar e desalojar destes faustosos poleiros.
É que isto deu-me vómitos mesmo.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Não quero ser leigo...

Interpretem leigo no sentido figurado como ignorante e desconhecedor.
A visita do Papa é o acontecimento do momento ao ponto de um Estado laico como o nosso decretar aos seus “súbditos” a tolerância de ponto. Nem seria muito grave se no mesmo momento não anunciasse o corte do subsidio de Natal (uma designação católica - nem de propósito) e redução de salários.
Afinal a que deve esta vénia e serventia de um Povo que ainda recentemente reclamava a retirada da cruz nas escolas? ... e ainda sobre esses, não serão eles mais "Papistas que o Papa" ao usarem a tolerância de ponto e uma vez que ao contrário dos feriados - que não contestam - é facultativa?
Não merecia toda esta onda à volta da visita do Papa o debate, a ponderação e até a abstenção como forma de contestação e repúdio?
Este movimento de massas é uma cegueira colectiva ou a prova provada de que somos todos um hipócritas fingidos?
O Papa é uma figura carismática mas não é intocável – e este muito menos pois tem uma aura, expressão facial e olhar de má pessoa. Nem o João Paulo II que transparecia no rosto uma “santidade” contagiante, serenidade e paz me convencia plenamente.
De outros nem falo mas a história está aí para ser contada.
Só para espevitar a curiosidade, relembro o Papa Júlio II, Paulo III e Alexandre VI com vários filhos ilegítimos, João X amante de mãe e filha, João XII que permitia desde a prostituição ao incesto na basilica, Vítor III violador e assassino, Bento IX que patrocinou e participou em orgias, Paulo II que morreu durante o acto sexual com um jovem pajem, Sisto IV que trocava favores por serviços sexuais... e muito mais que se tiverem curiosidade vão descobrir.
Neste momento são os imensos casos de pedofilia no seio da Igreja Católica e que acho ainda mais graves que todos os outros.
Não estou a dizer que Bento XVI é pedófilo, mas o silêncio a que se devota e a não assunção de responsabilidade, de punições e medidas inequívocas como se expecta de um líder de tamanha responsabilidade moral, torna-o cúmplice de pedófilos, o que para mim vai dar ao mesmo. É tão ladrão quem rouba como quem fica à porta.
Se o meu catolicismo já era frágil, abalou-se drásticamente com o conhecimento destes imensos, abomináveis e repugnantes crimes – e mais -, cometidos por quem era o último reduto de confiança. A minha mãe nunca me confiou a ninguém, mas sei que me confiaria tranquilamente a um padre.
E para mim, o pecado maior foi a hierarquia tê-los escondido e assim deixar que imagine os quantos mais escondem.
Enfim...
Só me apetece dizer...
Ai meu Deus...

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Inversão de valores

Isto chegou-me por email e foi tal a profundidade de sentimentos a que me levou que não posso deixar de partilhar.

INVERSÃO DE VALORES - CARTA DE UMA MÃE PARA OUTRA MÃE (VERÍDICO).

*Carta enviada de uma mãe para outra mãe no Porto, após um telejornal da RTP1:
 
De mãe para mãe...

Cara Senhora, vi o seu enérgico protesto diante das câmaras de televisão contra a transferência do seu filho, presidiário, das dependências da prisão de Custóias para outra dependência prisional em Lisboa.

Vi-a a queixar-se da distância que agora a separa do seu filho, das dificuldades e das despesas que vai passar a ter para o visitar, bem como de outros inconvenientes decorrentes dessa mesma transferência.
Vi também toda a cobertura que os jornalistas e repórteres deram a este facto, assim como vi que não só você, mas também outras mães na mesma situação, contam com o apoio de Comissões, Órgãos e Entidades de Defesa de Direitos Humanos, etc... 
 
Eu também sou mãe e posso compreender o seu protesto. Quero com ele fazer coro, porque, como verá, também é enorme a distância que me separa do meu filho.
A trabalhar e a ganhar pouco, tenho as mesmas dificuldades e despesas para o visitar.
Com muito sacrifício, só o posso fazer aos domingos porque trabalho (inclusivé aos sábados) para auxiliar no sustento e educação do resto da família. 
 
Se você ainda não percebeu, sou a mãe daquele jovem que o seu filho matou cruelmente num assalto a uma bomba de combustível, onde ele, meu filho, trabalhava durante a noite para pagar os estudos e ajudar a família. 
 
No próximo domingo, enquando você estiver a abraçar e beijar o seu filho, eu estarei a visitar o meu e a depositar algumas flores na sua humilde campa, num cemitério dos arredores... 
 
Ah! Já me ia esquecia: Pode ficar tranquila, que o Estado se encarregará de tirar parte do meu magro salário para custear o sustento do seu filho e, de novo, o colchão que ele queimou, pela segunda vez, na cadeia onde se encontrava a cumprir pena, por ser um criminoso.
No cemitério, ou na minha casa, NUNCA apareceu nenhum representante dessas "Entidades" que tanto a confortam, para me dar uma só palavra de conforto ou indicar-me quais "os meus direitos". 
 
Para terminar, ainda como mãe, peço por favor:
Façam circular este manifesto! Talvez se consiga acabar com esta (falta de vergonha) inversão de valores que assola Portugal e não só...
 
Direitos humanos só deveriam ser para "humanos direitos" !!! 

terça-feira, 13 de abril de 2010

Dia mundial do Beijo - mais um dia de magia ou de orgia?

É verdade, todos os dias são dias de qualquer coisa.
E ele há cada dia...
Achava eu – e ainda acho - que os dias de qualquer coisa serviam para relembrar tudo quanto a humanidade deveria preservar e por qualquer motivo está a enjeitar e esquecer...
Mas não creio que o beijo esteja nessa situação. De facto até acho que o beijo está banalizado demais.
Claro que há diversos tipos de beijos, mas todos sabemos que não se pretende comemorar o superficial, simples e banal gesto do beijo de cumprimento onde nem a pele se toca, ou por oposição, a intensidade e profundidade sentimental do beijo com que uma mãe beija o seu bébé.
O que todos pensamos ao ouvir falar do dia do beijo é que se trata daqueles que acontecem num casal que se quer e deseja, naqueles de tirar o fôlego, que provocam muita adrenalina no corpo, muita velocidade no coração e muita sensação na mente.
Quem não sentiu já a intensidade e densidade desses segundinhos (ou minutinhos) arrebatadores e ao ponto de se esquecer completamente de todo o resto.
Um beijo assim não é mais que qualquer outro, mas é responsável por uma avalanche de sentimentos e reacções que mais nada é capaz... atrevo-me a dizer que nem um orgasmo, mesmo correndo o risco de me contradizer sobre o que disse deles num outro post.
É que de facto, O beijo é uma das maiores manifestações de carinho e na mais profunda forma dos afectos, onde dois seres podem expressar o quanto gostam um do outro.
É também um termómetro do relacionamento, não pela forma ou quantidade – cada um tem a sua -, mas pela apreciação da sua variação.
Terminando, o beijo é como uma dança, e como tal, deve haver sintonia no par. Não se deve pisar o outro e os movimentos devem ser sincronizados, e assim, quanto mais praticarem mais se conhecem, logo maior é a harmonia e intimidade alcançada.
Mas... há sempre estes terríveis “mas” – e deixem-me ser mauzinho - acho que tal como outros dias que cada vez mais se comemoram, parece-me que pretendem é criar mais um dia de orgia... e o pior é que é daquela meramente comercial. E dessas eu fico definitivamente de fora. Agora do beijo e dessas sensações todas é que não - nem pensar... era o que faltava – gosto demais :)

E em jeito de “beijo de simpatia” pela leitura, ofereço um pouco da história e curiosidades sobre o dito.

Não se sabe como surgiu o primeiro beijo da humanidade. As referências mais antigas aos beijos foram esculpidas por volta de 2.500 a.C. nas paredes dos templos de Khajuraho, na Índia.

Os romanos tinham 3 tipos de beijos: o basium, trocado entre conhecidos; o osculum, dado apenas em amigos íntimos; e o suavium, que era o beijo dos amantes. Os imperadores romanos permitiam que os nobres mais influentes beijassem os seus lábios, enquanto os menos importantes tinham de beijar as suas mãos. Os súbditos só podiam beijar apenas os seus pés.

Antigamente, na Escócia, o padre beijava os lábios da noiva no final da cerimonia de casamento. Dizia-se que a felicidade conjugal dependia dessa benção em forma de beijo. Depois, na festa, a noiva deveria circular entre os convidados e beijar todos os homens na boca, que em troca lhe davam algum dinheiro.

Na Rússia, uma das mais altas formas de reconhecimento oficial era um beijo do czar.

No século XV, os nobres franceses podiam beijar qualquer mulher que quisessem. Já em Itália e na mesma época, se um homem beijasse uma donzela em público era obrigado a casar imediatamente com ela.

O beijo francês é aquele em que as línguas se entrelaçam. Também é conhecido como beijo de língua. A expressão foi criada por volta de 1920.

Na linguagem dos esquimós, a palavra que designa beijar é a mesma que serve para dizer cheirar. Por isso, no chamado "beijo de esquimó", eles esfregam os narizes. No Nordeste brasileiro, também se usa a palavra "cheiro" no lugar de "beijo".

Em 1909, um grupo de americanos que consideravam o contacto dos lábios prejudicial à saúde criou a Liga Antibeijo.

Boatos do final do século XIX, atribuíam à estátua do soldado italiano Guidarello Guidarelli, obra do século XVI assinada por Tullio Lombardo, o poder de arranjar casamentos fabulosos a todas as mulheres que a beijassem. Desde então, mais de 7 milhões de bocas já tocaram a escultura em Veneza.

Por causa do chefe de polícia de Tóquio, que achava o acto de beijar sujo e indecoroso, foram cortados mais de 243.840 metros de cenas de beijos dos filmes norte-americanos.

Oliver Cromwell, no século XVII, proibiu que fossem dados beijos aos domingos na Inglaterra. Os infractores eram condenados à prisão.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Preciosidades sexuais

Como todos gostamos e até usamos frases/pensamentos, eis algumas fantásticas sobre sexo.
  
- “Sexo é o único desporto que não é cancelado quando falta luz.”
(Laurence Peter, escritor)

- “As mulheres perdidas são as mais procuradas.”
(Para-choques de camião)

- “O meu cérebro é meu segundo órgão favorito.”
(Woody Allen, actor e cineasta)

- “Para se dar bem com as mulheres, diga que é impotente. Elas ficarão loucas para desmentí-lo.”
(Cary Grant, actor)

- “Só acredito naquilo que posso tocar. Não acredito, por exemplo, em Luiza Brunet.”
(Luiz Fernando Verissimo, escritor)

- “As pessoas boas dormem muito melhor à noite do que as pessoas más. Claro, durante o dia as pessoas más se divertem muito mais.”
(De novo Woody Allen)

- “50% do sex-appeal é o que a gente tem; os outros 50% são o que os outros pensam que a gente tem.”
(Sophia Loren, atriz)

- “Mulher de amigo meu -, para mim é óptimo.”
(Falcão, cantor compositor)

- "Sexo alivia as tensões. O amor causa-as."
(Mais uma do Woody Allen)

- “Sexo é hereditário. Se os seus pais nunca fizeram, você não fará.”
(David Zingg, fotógrafo e colunista)

- “A diferença entre o sexo pago e o sexo grátis é que o sexo pago costuma sair mais barato.”
(H.L.Mencken, jornalista e escritor)

- “Sexo sem amor é uma experiência frívola, mas como experiência frívola é mesmo das melhores.”
(E mais uma do Woody Allen)

- “O objecto mais leve do mundo é um pénis. Basta um pensamento para levantá-lo.”
(grafite num muro de Nova Iorque)

- “Querido, você está com uma lanterna no bolso, ou isso é uma declaração de amor?”
(Mae West, atriz, a alguém com quem dançava)

- “Mulher é igual circo. Debaixo dos panos é que está o espectáculo.”
(para-choques de camião)

- “Certas mulheres amam tanto seu marido que, para nao gastá-lo, usam o de suas amigas.”
(Alexandre Dumas Filho, romancista)

- “Sexo entre um homem e uma mulher pode ser maravilhoso — desde que você esteja entre o homem certo e a mulher certa.”
(Mais uma do Woody Allen)

- “Portanto, em matéria de sexo, uma única recomendação prevalece: quanto menos controle sobre a situação na cama, melhor.”
(Marleine Cohen)

- “Sexo é o que de mais divertido se pode fazer sem ter de se rir.”
(Este Woody Allen pensa em todas).

- “Só existem duas coisas importantes na vida. A primeira é o sexo e a segunda... eu não me lembro.”
(Woody Allen de novo)

- “As mulheres precisam de um motivo para fazer sexo. Os homens, só de um lugar.”
(Billy Crystal, actor)

- “As mulheres são capazes de fingir um orgasmo, mas os homens são capazes de fingir uma relação inteira.”
(Sharon Stone, atriz)

- "Eu não gostaria de pertencer a nenhuma mulher que me aceitasse como marido."
(Mais uma do Woody Allen)

-" Na noite passada descobri um novo anticoncepcional oral. Pedi a uma garota que fosse comigo para a cama e ela disse não."
(Mais outra do Woody Allen)

- "Chega de fingimento. Meu apartamento é o 904."
(E mais outra do Woody Allen)

- "A bissexualidade dobra a chance de um encontro sábado à noite."
(O campeão delas - Woody Allen)

- "Eu sou um bom amante porque pratico comigo mesmo."
(Demais este Woody Allen)

- "O sexo é sujo? Só se for feito do jeito certo."
(E não acabam as do Woody Allen)(Demais este Woody Allen)


- “Sexo é aquela coisa que ocupa um mínimo de tempo e causa um máximo de encrenca.”
(John Barrymore, actor)

- “Pessoalmente, nada sei sobre sexo. Sempre fui uma mulher casada.”
(Zsa Zsa Gabor, atriz)

- “Masturbação é a única forma que existe de se fazer sexo com a pessoa que mais ama.”
(Woody Allen é um génio mesmo)

- “O primeiro ser revolucionário foi Eva. Ela inventou o orgasmo.”
(Darcy Ribeiro, escritor e educador)

Sexo é como um jogo de cartas: se você não tem um bom parceiro (ou parceira), é melhor que tenha uma boa mão.”
(Woody Allen, que sabe mesmo tudo sobre sexo)

sexta-feira, 12 de março de 2010

Sentir os sentidos

Segundo a Wikipédia, do ponto de vista da biologia e ciências cognitivas, os sentidos são os meios através dos quais os seres vivos percebem e reconhecem outros organismos e as características do meio ambiente em que se encontram.
O adjectivo correspondente aos sentidos é sensorial.
Os animais normalmente têm órgãos especializados para essas funções.
No Ser humano, são geralmente considerados cinco sentidos e os órgãos onde residem são:
A audição reside na cóclea, no ouvido interno;
O olfacto reside na pituitária, dentro do nariz;
O paladar reside nas papilas gustativas da língua; e
O tacto reside nos terminais nervosos da pele;
A visão reside na retina dos olhos.
(Apresentados por ordem alfabética)
Há também outros sentidos menos discutidos e dedicados ao equilíbrio, percepção do próprio corpo (propriocepção) e a sensação de calor.
Ora, se está tudo tão explicadinho, porque quero eu falar dos sentidos?
Porque os gosto de sentir, das sensações que me causam e das emoções que me provocam.
Mas, se são parte integrante de todos as pessoas, porque é que umas os “sentem” mais que outras?
Não sei ao certo nem cabalmente, mas, sentindo-os como os sinto, acho ser um enorme desperdício não os sentir.
Já repararam a quantidade de vezes que usamos o verbo, o adjectivo e o substantivo em torno dos sentidos?
É através dessas palavras que sem grandes descrições nos explicamos melhor, e mais eficazmente transmitimos o que estamos a sentir ...e melhor nos percebem também.
É verdade, eles estão sempre presentes e não os devemos ignorar mas sim aproveitar em todas as ocasiões - ou provocá-las. Experimente despir-se de conceitos, preconceitos e tabus, e explore ao máximo cada um deles.
Uma visão sensual, a mão a deslizar suavemente na pele, o arrepio de um gemido sussurrado, o cheiro que exala de um momento a dois, os sabores que desses momentos...
Vá... explore todos os sentidos do seu corpo e renda-se às sensações que eles podem lhe trazer - garanto que são fantásticas.
Para começar, convido a um exercicio simples.
Ordená-los por ordem preferencial decrescente.
Já começaram?
Então também já repararam que a tarefa não é tão simples assim
Pois é!
Vão ter que os "sentir" muito bem a todos, não é? …e não vale dizer que são todos de valia igual.
E vai demorar, daí que interrompo aqui o post e voltarei mais tarde com a continuação.
Divirtam-se :)

P.S. Se quiserem deixar em comentário as vossas preferências estejam à vontade. Até será giro perceber as ordens preferenciais de cada um.
E como quem pede também deve oferecer, eis as minhas:
1 - Visão
2 - Tacto
3 - Audição
4 - Olfacto
5 - Paladar

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Revoltem-se...

Ontem, no telejornal da RTP1, depois de mais uma noticia sobre a catástrofe que assolou a Madeira, a RTP informou que decidiu criar uma linha de solidariedade "Juntos pela Madeira!" e que quem quiser contribuir pode ligar para o número 760 10 11 12 cujo custo é de 60 cêntimos mais IVA, e que desse valor, 50 cêntimos serão encaminhados para ajudar à reconstrução da Madeira.
Nada de novo nisto pois este tipo de chamadas abundam em tudo desde a solidariedade a concursos e passatempos, é uma situação “dejá vu”, e até já escrevi sobre sobre estas temáticas, denunciando oportunismos, vaidades e o empobrecimento dos valores humanos.
Então porque volto de novo ao tema?
Porque este oportunismo hediondo e porque disfarçado de solidariedade, me faz ferver o sangue nas veias e me gera um instinto de revolta cada vez maior. Mais, porque vem de uma instituição pública e que por tal deveria ter cuidados e responsabilidades acrescidas nas iniciativas que toma.
Se aos outros canais privados até se poderia tolerar estes devaneios egoistas porque precisam de sobreviver, ao canal público é que não. Já basta termos que aturar a publicidade que nos impõe e ao mesmo tempo pagar quer em taxa (na nossa factura de electricidade) quer em orçamento de estado tapando o seu chorudo e sempre deficitário orçamento.
Mas afinal do que estou eu a falar?
Simples, e como no post anterior, mais uma vez de contas... mas não só, também de camuflagem e tentativa de engano aos mais incautos.
Atentem nisto...
A chamada custa 60 cêntimos mais IVA, e só 50 cêntimos são apoio solidário. Pergunto: Para quem são os 10 cêntimos? Que pagam eles? Como se repartem?
É que 10 cêntimos é muito dinheiro. Mais do que custa uma chamada de um minuto nas operadoras mais económicas, e o processo nem sequer implica meios humanos, atendimento etc. É tudo automático e o sistema pode processar milhares por minuto a quase custo zero, daí que é praticamente tudo lucro. A titulo exemplificativo - num milhão de chamadas esses 10 cêntimos produzem 100 000 euros de facturação. Muito dinheiro, não é?
Mas não é tudo. Deixem-me falar de outro roubo descarado - o IVA - à taxa normal de 20 %... pois claro.
E mais, a taxa não é aplicada sobre os 10 cêntimos mas sim sobre os 60 cêntimos, o que dá 12 cêntimos. Pagar IVA por uma contribuição solidária é demais. Aplicando o mesmo exemplo, num milhão de chamadas, só de IVA são 120 000 Euros.
Porque é que o Estado não isenta de IVA estas iniciatavas de solidariedade quando ao mesmo tempo aplica taxas reduzidas de IRC aos Bancos por via da crise?
Já estão a começar a ferver como eu... e eu entendo. Pagamos 72 cêntimos e só 50 é que são solidariedade.
Mais, enganam-nos com o subterfugio de nos dizerem o preço sem IVA e assim nos induzem em erro sobre quanto vamos pagar – é como os preços a terminar em 99cêntimos. Não sei se é obrigatório, mas a norma de apresentação dos preços ao público é com IVA incluído. Nunca vi a indicação de por exemplo – café 50 cêntimos mais IVA para informar que custa 60 cêntimos.
Dito isto, apetece-me denunciar esta “fraude”, “atentado aos valores morais e éticos” e porque não “roubo” - mas bem pior do que aqueles que fazem de arma apontada. Aí estamos indefesos e somos impotentes para e o evitar, mas nesta situação não – somos enganados com apelos ao instinto solidário e bem carismático dos Portugueses, e esperam nem reparemos.
Por falar em “ser Português”, é algo que preciso de re-equacionar, pois quando ouvia noticias de catastrofes como a mais recente no Haiti a falarem de que no meio da desgraça havia quem roubasse, eu achava que em Portugal nunca tal poderia acontecer, mas afinal, da Madeira também ouvi as mesmas noticias.
Com tudo isto e porque já é demais, temos que denunciar e desmascarar estas acções disfarçadas de gestos bem intencionados, e que pelo uso e abuso acabam por nos tornar um Povo desconfiado, fechado e empedernido. E nós Portugueses não somos assim, só alguns o são, cada vez mais se deixarmos, ou cada vez menos se os impedirmos... e temos de impedir nem que seja com revolta.
Eu estou revoltado - muito revoltado.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Curto e grosso...

… é o que desta vez me apetece ser.
Como todos saberemos e mais ou menos informados, a natureza pregou uma partida muito violenta ao “desprevenido” povo do Haiti. Já tinha pregado outra num passado recente, e pela mão deles mesmos, também estavam numa grave crise politica e económica. É muito para um povo só, mas nenhum está livre.
Perante tal, nem todos reagimos da mesma maneira, mas parece-me uníssono o lamento e a solidariedade manifestada das mais diversas formas, instituições e pessoas, alias, o que caracteriza a espécie humana.
No entanto, enquanto uns o fazem da forma mais emocionada, natural e pura, outros deixam perceber intenções mais dubias que vão desde as mais mediaticas ao asqueroso aproveitamento próprio. Seja como for, o que importa mesmo é que há ajudas e que cheguem a quem realmente precisa, mas, como sabemos de outras situações em que tal solidariedade tem lugar, raramente isso acontece.
Desespero pela sobrevivência aparte, aparece sempre gente sem escrúpulos a impedir o melhor sucesso e pelas mais diversas razões obviamente nunca justas e algumas bem gananciosas e desumanas – nem o desepero justifica. E isto revolta-me muito.
Mas, é também de outras situaçãos que quero falar. É que também não sendo novas, conseguem-me revoltar ainda mais e deixar-me de raiva ao rubro. Uma dessas foi ler noticias como estas três do JN de hoje e que deixo no final deste post para facilitar a leitura a quem as quiser ler.
Todas elas tem um denominador comum – Crime/Violência/Terror.
Se já não bastava perceber que tinham líderes politicos indecentes, que ao nem um comunicado fazerem nos primeiros dias pós catástrofe se mostram completamente egoistas e preocupados com o seu umbigo, (nada de novo, pois lá como cá todos sabemos que só lá estão para se servirem a si mesmos), por via do desmoronamento das prisões, andam milhares de criminosos à solta, e que sem um pingo de humanidade, em vez de ajudar quem precisa e quiçá assim se redimirem, aproveitam a situação para continuar aquilo que efectivamente são e sempre serão – escumalha podre e bafienta - que infelizmente toda a sociedade tem.
È aqui que quero chegar.
Num outro post “Repugnante, inqualificável, desumano...” falei da “Lei de Talião”, e num destes artigos, o jornalista Alfredo Leite fala em “É o regresso do olho por olho, dente por dente na sua forma mais cruel”. È a mesma coisa e o principio dessa lei que cada vez mais defendo como necessária ...e antes que qualquer espécie de catástrofe nos atinja.
Que mais é preciso para provar que esta corja toda não tem emenda nem solução que não a aplicação dessa lei?
Por mim acho que mais nada.
Resta-nos fazer como a faz o planeta que nos sustenta. Quando sente pressão, estremece, ruge e range até encontrar novo equilíbrio, estabilidade e conforto. Vamos também estremecer, rugir e ranger este desconforto tanto politico como social, pois mais vale destruir o fraco para reconstruir mais forte, do que suportar falsos e débeis equilíbrios que sabemos desmoronar ao primeiro abanão.
Pensem nisto... mesmo!

Haiti: Sinais de vida num cenário de fome e violência
HELENA NORTE
Contrariando lógica das catástrofes, no Haiti, ainda se encontram sobreviventes sob escombros. A distribuição da ajuda é caótica e geradora de violência, mas a população desenvolve estratégias de sobrevivência. A cônsul honorária portuguesa acolhe 20 pessoas.
Seis dias depois do potentíssimo sismo que quase destruiu completamente a ilha caribenha e quando 60% das áreas mais afectadas já foram rastreadas por equipas de socorro, há vislumbres de vida e esperança. Foram encontradas cerca de 70 pessoas com vida, apesar de as estatísticas vaticinam que, ao fim de 36 horas, as possibilidades de ocorrer resgates com vida são quase nulas. "É um pequeno milagre", declarou Reinhard Riedl, depois de saber que a esposa foi retirada viva dos destroços do Hotel Montana, em Port-au-Prince.
Milagres à parte, o Haiti enfrenta uma tragédia de dimensões apocalípticas. As estimativas quanto ao número de mortos continuam muito díspares: 100 a 200 mil, segundo o Governo; 40 a 50 mil, nos cálculos da Organização Mundial de Saúde e da Cruz Vermelha. Mais de 25 mil cadáveres já foram enterrados em valas comuns e, por toda a ilha, a população queima os seus mortos.
A meio do caos, pequenos sinais dão conta da tentativa de os haitianos se organizarem numa rotina possível. Limpam ruas, improvisam pequenos comércios à beira da estrada, usam máscaras por causa do cheiro nauseabundo da morte e do formol despejado por helicópteros para evitar infecções. O abastecimento de água continua precário, mas as comunicações estão parcialmente restabelecidas e os telemóveis já funcionam.
A cônsul honorária de Portugal, Hidegard Cassis, abriga no quintal da sua empresa, em Petion-ville, 20 pessoas, incluindo os empregados e as suas famílias, a quem fornece comida e água regularmente. "Muitos perderam as casas e os que não perderam têm medo de lá ficar. É difícil comprar comida e água e eles não têm meios para os adquirir", disse Cassis a uma equipa de reportagem brasileira.
A ajuda internacional continua a chegar ao terreno, mas os constantes tumultos durante as operações de distribuição de alimentos obrigaram as agências da ONU e o Governo haitiano a recorrer a fortes contigentes de segurança.
Na gigantesca praça de Champ de Mars, localizada em frente ao esboroado Palácio Presidencial, uma equipa boliviana forneceu quatro mil litros de água. Dez encarregaram-se da distribuição, enquanto 70 asseguravam a segurança e a ordem nas filas.
A assistência está a ser distribuída de forma caótica. As equipas chegam e atiram o que têm aos haitianos esfaimados. Prevalece a lei do mais forte: os mais altos e mais rápidos conseguem arrecadar quase tudo. Para os mais carenciados - idosos, feridos e outras pessoas debilitadas - pouco ou nada resta.

Haiti: Gangues lançam terror em favela
Milhares de criminosos fugiram daprisão e dominam ruas de Cité Soleil
Os criminosos que escaparam da prisão, no dia do terramoto, voltaram a Cité Soleil, a maior favela do Haiti. Fortemente armados, já dominam as ruas e ameaçam tornar-se verdadeiros senhores da guerra. As autoridades são impotentes para fazer valer a lei.
Calcula-se que cerca de três mil criminosos tenham fugido da Penitenciária Nacional. Muitos são oriundos de Cité Soleil e estão a regressar às origens.
Num contexto em que os saques se vulgarizaram e a raiva e o desespero compõem um coquetel explosivo, se a favela se tornar um foco de insurreição e violência, o processo de ajuda à população pode ficar comprometido. Porque exigirá a mobilização de importantes meios para aquela zona, absolutamente vitais para as operações de salvamento e distribuição de bens e cuidados à população.
Os líderes dos gangues de Cité Soleil - incluindo um assassino altamente temido conhecido como "Blade" - são considerados criminosos perigosos, que servem de inspiração para lendas urbanas e populares músicas rap haitianas. Munidos de armas, que devem ter roubadas aos guardas prisionais, estão a espalhar o terror na fragilizada população.
"Fugiram da prisão e agora estão por aí, a roubar", lamentou Elgin St. Louis, de 34 anos, moradora de Cité Soleil, acrescentando que "passaram toda a noite a disparar tiros". "Estamos com muito medo pelo regresso deles", afirmou outro morador, Forrestal Champlain. "Estão armados, não têm moral alguma e podem fazer o que quiserem".
Embora reconheça a situação como preocupante, o comandante da Polícia Nacional, Mario Andresol, garante que está sob controlo. "A minha mensagem a todos os criminosos armados que estão a aproveitar-se da situação é que vamos prendê-los, como já fizemos antes", disse à Reuters.

Caos nas ruas do Haiti: "Ele matou a tiro nós queimámo-lo"
ALFREDO LEITE, enviado a Port-au-Prince, Haiti
Situação caótica nas ruas da capital do Haiti está a degradar-se de dia para dia. A ajuda tarda em chegar e as necessidades já duram há uma semana. Resultado: há pilhagens e os assaltos com morte pagam-se com a fogueira. É o regresso da justiça popular, na sua forma mais brutal.
É o regresso do olho por olho, dente por dente na sua forma mais cruel. "Ele assaltou um comerciante aqui da rua, deu-lhe um tiro na cabeça e matou-o. Nós e outros vizinhos juntámo-nos e queimámos o bandido aqui mesmo". E foi assim porque, para Joseph Alan, "se não há lei nem justiça neste país, nós temos que nos defender".
Joseph não é o único adepto da justiça popular. Já era assim antes do terramoto e agora que as já debilitadas estruturas básicas do país foram simplesmente destruídas a luta pela sobrevivência é feita a qualquer custo.
"Isto vai acontecer mais", disse ao JN um transeunte que olhava a berma onde repousava o corpo ainda fumegante do assaltante.
Uma semana após o terramoto que transformou a cidade num mar de escombros e de morte a ajuda continua a chegar apenas a uma ínfima parte da população. Sem água nem comida, os assaltos multiplicam-se e é cada vez mais difícil circular em segurança nas zonas mais afectadas pelo abalo.
Na Avenida Magloire Amoroise, nas imediações do destruído Palácio Nacional, o separador central foi ocupado por paupérrimas tendas onde os haitianos tentam fazer parar os carros em busca de água ou um pouco de alimento. Sente-se um aumento da tensão. Ninguém dirige a palavra aos jornalistas sem antes pedir comida ou água. Há cartazes improvisados por toda a cidade onde se lê a mesma mensagem: "Temos fome. Queremos comida. Ajudem-nos!"
Não é pois de estranhar que as forças internacionais de paz presentes na capital haitiana e a polícia das Nações Unidas estejam a tomar medias excepcionais de patrulhamento nas ruas onde a esmagadora maioria da população da cidade continua a viver. Já antes do terramoto Port-au-Prince era considerada uma das capitais mais violentas do Mundo. Agora, após o terramoto, estão criadas as condições para tudo piorar. E quanto mais demorar a entrega em massa de alimentos à população faminta pior será.
No sábado dois engenheiros agrónomos da vizinha República Dominicana foram atingidos a tiro quando procediam ao transporte de ajuda alimentar até ao Haiti. Os dois tinham promovido a recolha da ajuda humanitária, mas acabaram baleados e feridos em estado considerado grave, segundo relatam jornalistas dominicanos em Port-au-Prince.