quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Repugnante, inqualificável, desumano...

Nestes últimos tempos tenho andado algo arredado daqui. Os motivos pouco importam, pois se não estou da forma como costumava estar é porque não me apetece - se não me apetece por alguma coisa terá de ser - e se em algumas coisas na minha vida não me posso dar ao luxo do “apetecer”, nesta posso. 
Mas há um assunto que me fez voltar e que quero desbafar/partilhar. Trata-se dos “Crimes sexuais”. Acho estes crimes repugnantes e mexem sempre muito comigo. Já em tempos publiquei o post “Abusos sexuais” em que falava de abuso de menores. Em vez de estar a explicar o conteúdo transcrevo-o abaixo.
Agora quero voltar ao tema de novo, mas desta vez não é abuso de menores. É estupro... estupro do pior mesmo – sequestro, violação e abandono de mulheres indefesas.
Talvez ao contrário da maioria, eu penso que se já é muito grave quando se trata de violação de menores, toma proporções absolutamente repugnantes e ainda maiores e mais condenáveis quando se trata de adultos.
E porquê?
Porque está na altura de ter ou já tem uma relação afectiva, porque já tem uma imagem social sedimentada e personalidade vincada, porque talvez até já sejam mães - quiçá de menores... e muitos mais "porques" poderia elencar...
Só em (tentar) ter consciência das consequências de como será ser vitima destes crimes hediondos deixa qualquer um fora de si – a mim deixa. Também tenho consciência de que quase todos lamentamos imenso e "coisa e tal", mas quase sempre “assobiamos” para o lado, abanamos a cabeça e seguimos em frente na nossa vidinha esquecendo a coisa muito rápidamente.
Mas..., quando tal acontece a alguém mais próximo, o “assobio” já sai mais “bufado” e aí tudo muda de figura. Os brasileiros explicam isto muito bem com esta expressão - “pimenta no cú dos outros é refresco”.
Foi o que me aconteceu. Uma Amiga muito querida foi sequestrada, violada e abandonada desmaiada por dois indivíduos. Foi encontrada ainda desmaiada duas horas depois por duas almas caridosas que a socorreram, acompanharam ao hospital, policia e apoiaram - e continuam a apoiar (o meu bem-haja). Dispenso os pormenores descritivos das emoções, dor, sofrimento, pavor, e de tudo o mais, porque sei conseguirem imaginar minimamente – e acreditem que sempre por defeito.
Mas porque raio esta gente faz isto?
Digo “gente”, porque não sei o que lhes chamar, e porque tem o mesmo formato e estatuto que nós, mas não passam de escumalha abjecta sem direito qualificativo sequer. É que marcar alguém indelevelmente com estas cicatrizes para toda a vida a troco de um impulso mais fisico e hormonal, é qualquer coisa que me ultrapassa na compreensão.
Mas que raio leva alguém a sequestrar e violar? Será apenas a troco de um orgasmo?
Esta gente não tem sentimentos, valores humanos, cérebro, mãe, irmãs, filhas,...? Se não tem, também não é gente, daí que deve ser tratada como coisa - coisa má, parasita, cancro, vírus... e precisa ser exterminada.
Não é intrínseco ao ser humano sentir prazer no prazer que sentem connosco e inspirar o seu desejo no desejo que outrem nutre por si ...e vice-versa? E a masturbação não chega para sossegar as hormonas?
Eu sei que a psicologia explica tudo e tolera mais do que tudo, mas, se até parece eficaz na explicação, não o será tanto na recuperação de quem sofre este drama – ela mesmo diz que deixa marcas eternas.
Sendo assim porquê então compreender, perdoar, tolerar,...?
Porque raio tanto milhões de euros se gastam no combate a um virus como O “h1n1” que nem tem nada de especial, os mídia dedicam centenas de horas em horário nobre, enchem páginas e páginas de jornais, e no combate a esta criminalidade asquerosa muito pouco ou nada se faz/diz?
Às vezes diz mas quase sempre da pior forma. Se a violada for mediática, lá há um furo no segredo e se faz notícia espetanto mais uma facada na sofrimento da infeliz (e alguém sem escrúpulos factura com isso também – o delator e os mídia que usam a informação – tinha de dizer isto), se não for mediática ninguém se mexe, o resultado é quase sempre nulo e o caso arquivado.
Depois, e se apanhados os criminosos - só quase apanham os que já tem cadastro - as punições não acontecem nas devidas proporções nem justiça adequada, sendo que muitas vezes não chegam mesmo a ser levadas a cabo quaisquer punições de relevo, o que leva a repetirem incessante e inpunemente o mesmo crime.
Tenho que voltar ao ditado brasileiro e perguntar se não precisavamos todos de um pouco de “pimenta no próprio cú” para começar a “ferver” de verdade perante isto? E particuarmente no dos legisladores e os julgadores. A esses, pimenta em grão mesmo!
Só para justificar a opinião, muito sintéticamente, lembro de um caso verídico de um juiz que pela enésima vez perante um ladrão conhecido e reconhecido aqui da parvónia, que, mesmo com a reclamação do guarda que insistia temer ter de o voltar a prender porque ele o ameaçava pessoalmente e à familia, o deixou ir em liberdade. Só que dessa vez a coisa mudou de figura. Quando o juiz chegou ao seu gabinete deu pela falta da sua carteira, nem foi preciso investigação. Ligou à GNR e disse tão simplesmente: - “ Falta-me a carteira e foi esse FDP que ma roubou à saída. Quero que mo tragam aqui - vai apodrecer na cadeia...”.
Pois é! Pimenta no c..........
Alguém sabe e/ou se lembra da “Lei de Talião”, um sistema que vigorou em muitas legislações remotas e cuja máxima era “olho por olho, dente por dente”?
Era essa que eu aplicava. Violou – castra-se. Sei que tal lei se considera absurda e abominável actualmente, mas se era uma necessidade proeminente na época em que o homem era bárbaro, tinha pouca consciência do que era o respeito ao seu semelhante, e que só se recatava pelo medo aos castigos, tão ou mais cruéis do que o próprio acto praticado, hoje em dia, que somos menos barbaros e mais conscientes no respeito pelo outro, não condenamos com o devido vigor e por isso mesmo cada vez mais nos tornamos reféns destes criminosos com barbaridades mais requintadas e uma falta de respeito mais consciente.
E olhem que no mundo actual há cada vez mais crimes e mais actos bárbaros.
No e por causa do nosso dia-a-dia, cruzamos com uma cada vez mais elevada percentagem de pessoas que secretamente transportam consigo um mundo de problemas que não se reconhece nem se sabe ao que pode conduzir.
A propósito. Há algum tempo constou-se que fugiram de um hospital psiquiátrico um considerável número de doentes.
Dado o alarme e feitas muitas buscas, foram encontradas e conduzidas ao hospital cinco vezes mais pessoas do que aquelas que tinham fugido – mais - nenhum dos que tinham trazido era dos que fugiram.
E termino pedindo desculpa se esta “pimenta” vos “ardeu” muito, mas tudo o que arde - cura. E, mesmo que pareça não valer a pena, vamos lá fazer algo para “castrar” esta proliferação criminosa e assim ajudar a curar esta humanidade perdida – mais não seja repugnando, repudiando e denunciando... sempre.

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“Abusos sexuais
Vi há umas semanas atrás num canal da televisão pública uma entrevista a Ana Caetano que recentemente publicou um livro “Abusos Sexuais” (o link: http://universal.mediabooks.pt/autores/index.j... _id=36996), e num outro encontrei uma entrevista (o link: http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?article=3... 2&visual=26&rss=0) em que revela para além de muitas coisas, que cerca de 30% dos abusos sexuais são cometidos por mulheres, normalmente mães dos/as abusados/as.
Fiquei estarrecido e o primeiro sentimento que me surgiu e enquanto homem foi o de que "afinal as mulheres, as mães enquanto elo mais forte de um ser…", mas como nunca fui nem concordei com generalidades também não posso nem devo generalizar, e não generalizo já que somos todos seres humanos, uns mais que outros infelizmente, e não é um problema de género mas de génese. Foi apenas um choque de confronto com as estatisticas que até ao momento indicavam 2%.
Mas não é desta particularidade que quero falar, nem das questões mais técnicas deste problema tão mediatizado e do senso comum.
Quero sim é dizer que já me confidenciaram casos reais e senti o quanto este hediondo acto pode fazer a um ser humano e mais estarrecido fiquei ainda quando as vitimas eram pessoas reais e me era tudo contado na primeira pessoa.
Com isto, quero deixar expressar minha profunda tristeza e indignação por ver estes casos serem controlados por poderes e lobbies macabros e assim impedir que a justiça funcione, coisa que de “per si” já raramente funciona bem. Mesmo assim nunca seria justiça completa e satisfatória para as vitimas, mas a condenação publica já era um passo importante. E sim, a condenação pública é aquela que todos nós podemos e devemos fazer quer denunciando sem medo os autores de casos que sabemos e conhecemos de tal forma que a própria vergonha fosse o seu cárcere.
Este é o meu passo e o meu contributo em forma de homenagem a todas as vitimas que desde já aplaudo de pé e com um abraço muito forte e solidário. Falta o vosso.”