Sou daquelas pessoas que pouca televisão vê. Não que não tenha tempo ou não aprecie um bom programa, mas a verdade é que as grelhas dos canais generalistas tem muito “lixo” e isso recuso-me a ver.
Por mim íam todos à falência enquanto não mudassem de filosofia, mas eles lá sabem as audiências que tem e o que elas “gastam”. Nisso a RTP2 - é a que mais vou vendo - tem toda a razão com o slogan “Quem Vê, Quer Ver”.
Eu pratico esse slogan e vejo mesmo só o que quero ver, e também porque tenho a sorte - e o dinheiro - para pagar a oferta cabo, que, pelo menos tem alguma coisa decente... mas cada vez menos, como o que vou relatar e me fez vir a público mostrar indignação.
Esta tarde, enquanto tomava um café, mesmo sem “querer ver” passava na TV do dito a “MTV Portugal” e chamou-me a atenção a parte interactiva que ía passando em rodapé, e onde alguém ou algo (imagino seja um software) responde a propostos "acasalamentos" apenas pelos nomes enviados por SMS - e mais - dá resposta objectiva e complementa com palpites como se conhecesse intimamente os intervenientes. Mas o pior mesmo, é que tal diagnóstico pode acabar por influenciar inconscientemente quem o solicita. Fiquei estupefacto com a proeza que se chama “IS IT LOVE?”, e que a própria MTV descreve assim no seu site:
“Achas que o teu amor é à prova de tudo? Sabe já se vais conseguir conquistar! O Is It Love? é o programa interactivo de SMS em que vais poder descobrir se o teu amor secreto te ama também! Envia LOVE, seguido do teu nome + nome do teu amor para o 68634 (€1.00/sms) Exemplo: LOVE Tiago Joana. Vê o resultado do teu teste na TV! Liga a MTV entre as 10:00 e as 11:30 e entre as 14:30 e as 16:00. Aos fins-de-semana, das 07:00 às 9:00.”
Ora então de onde vem a minha indignação e estupefacção?
Não é novidade pois algumas operadoras de SMS usam estratagema idêntico, mas a credibilidade e abrangência de um canal como a MTV exige muito mais responsabilidade... e decência ética.
Mas para não maçar muito e porque tendo a posts grandes, resumo desta maneira e com interrogações simples e às quais acredito cada um terá resposta - pelo menos para si mesmo.
Que credibilidade moral, social e ética pode e/ou deve "obrigada" a quem tem responsabilidades massificadoras?
Quem é que participa nisto?
Diga quem sabe de psicologia, mas mesmo não sabendo como eu, não acham que a resposta dada pelo programa influência quem participa e trata-se de uma “brincadeira” muito séria?
Como pode alguém com um mínino de inteligência e sensatez gastar dinheiro numa “brincadeira” destas?
Como acredito serem essencialmente adolescentes sem rendimentos, de onde vem tamanho “poder de compra"?
Nesta altura, andarão os pais tão endinheirados... ou andam mas é cegos e a sofrer outras crises ainda mais graves?
Que sucessores tem a "geração à rasca"?
E já agora, não tendo que fazer, o que fazem eles (geração à rasca) em prol disto?
São esses adultos (os pais) aqueles para quem os canais generalistas fazem a fútil e insipida programação?
Que País é e vai ser este?
Que civilização, cultura e valores tem esta gente?
Sinceramente, fico estupfacto mesmo, pois vivo no mesmo local e era em que tamanha estupidez me deixa triste e constrangido.
Já noutros posts falei das SMS de valor acrescentado para tudo e mais alguma coisa, particularmente em causas solidárias. A febre pelo dinheiro e falta de escrúpulos não tem limites, e os cada vez mais numerosos e poderosos “mass media” perderam o bom senso e ética que tal poder os “obriga”, principalmente porque através dos meios de comunicação destinados ao grande público, influenciam, orientam e uniformizam a conduta do de um número considerável de pessoas.
E assim, as pessoas menos atentas poem-se a jeito sem ter consciência que as estão a manipular, e comportam-se cada vez mais como “animais amestrados” deixando de pensar e de sentir, consumindo ávida e desenfreadamente uma “fast-food” bem maligna e com a qual parece que ninguém preocupa. Se esta aparentemente deliciosa "alimentação" tivesse valor calórico mesurável e visivel a olho nú como a outra, muitos teriam mais atenção e cuidados.
E isto levaria a outra questão pertinente - A cada vez maior preocupação com o corpo, o que não teria nada de errado se não fosse inversamente proporcional ao desleixo pela mente... e por aí adiante. Mas já falei disso também algures pelo meu blog.
Mais... fica para outra altura.
E eis-me aqui partilhado e exposto a nú ...e às vezes crú - mas tal-qual eu, um eterno prisioneiro da minha génese mas sempre em liberdade na essência. A quem apetecer comentar, faça o favor de se sentir livre para o fazer como eu me senti para escrever e acho dever estar quem não teme críticas - sejam elas quais forem. Se apreciar conversar sobre estas ou outras temáticas mas sem futilidades, será um prazer. Sou simples, acessível e gosto de partilhar saberes. Boas leituras.
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
"IS IT LOVE"
Etiquetas:
comportamentos,
internet,
relações,
sentimentos,
sexualidade,
sociedade,
valores
quinta-feira, 11 de agosto de 2011
Hoje tive alucinações... será do calor?
Do calor não é certamente, e a minha cabeça não se alucina assim...
Ainda alucinado, os deditos “fugiram-me” para a poesia, mas vou escrever em prosa lucida...
Está um calor abrasador e eu não o aprecio. Prefiro de longe o frio. Sempre posso vestir mais roupa para me aquecer, o que para arrefecer não funciona de forma inversa... não me posso ir despindo até arrancar a pele. Depois, também há mais coisas e formas para aquecer do que para arrefecer... mas isso é outra questão – ou talvez esta também seja .
Já não bastava ter de sofrer os efeitos dos raios fervilhantes deste sol escaldante, mas também ter de ficar ofuscado com outras incandescências a que ele obriga. Ver muitas mulheres semi-despidas. Curioso é que são as boazonas que mais e melhor se despem juntado o prazer de se sentirem fresquinhas, ao gozo meio “safadinho” de pretender fazer estremecer o olhar de alguns “machos” mais voláteis.
E hoje eu não resisti... entrei em alucinação total. Não porque vi algum corpo mais fenomenal, mas por uma série de coincidências do momento.
Eu conto.
Fui almoçar a um centro comercial, um local bem diferente do recatado e quase familiar restaurante onde habitualmente costumo ir.
Estava fresquinho e havia muita gente para ver e também muita escolha para comer - comida
E que fui escolher eu?
Um restaurante com o nome “Papa Misto”...
E para comer?
Uma espetada na brasa...
E que lugar para saborear a minha refeição?
Um canto bem colocado onde podia observar todo o corredor de passagem...
E que estava a ouvir eu?
Ando numa de “audio-livros” e no meu SmartPhone corria uma crónica de Arnaldo Jabor com o titulo “MEDITAÇÕES DIANTE DO BUMBUM DE JULIANA” …
(transcrevo no final para quem apreciar e porque sou fã).
Dito isto, ora vejam lá se não tinha de ficar completamente alucinado?
Algumas gostosonas das que acima mencionei a passear o seu corpinho bastante despido de roupa e muito vestido de sensualidade ali bem na minha frente, “papa misto” estratégicamente bem visivel no toalhete do meu tabuleiro e a obrigar-me a dar-lhe outra interpretação, no prato uma apetitosa espetada acompanhada de uma saudável salada a desafiar o meu prazer e a prometer-me manter a forma, a boca a salivar de gulodice e o corpo a indiciar um prazer latente, o ligeiro picante a acordar as papilas gostativas e a fazerem-me recordar as delicias de outros sabores, e o Arnaldo a soprar-me nas orelhas aquelas “imagens” de belos “bumbuns” e afins...
Não estivesse o local fresco e tinha entrado em combustão. Mas em alucinação entrei...
...e o resto não digo - é pura imaginação
-
MEDITAÇÕES DIANTE DO BUMBUM DE JULIANA
No Brasil, o bumbum virou um capital com vida própria
Nos últimos dias, só houve dois assuntos nesse bendito país: a gafe do Lula com o jornalista e o bumbum de Juliana Paes na “Playboy”. Prefiro o bumbum de Juliana.
Ia escrever sobre a babaquice do Lula, mas creio que o outro assunto é mais “palpável” do que esse governo especializado em alternar lentíssimas indecisões com arroubos ridículos, “assembleísmos” leninistas com gestos bruscos que, em geral, têm de ser consertados depois. Mas, não adianta repetir o óbvio para surdos. Vamos ao que interessa: o bumbum era esperado como um messias redentor, aguardado como a salvação do país nesse momento sem graça.
Políticos, bancários, eu, todos ansiávamos por esse bumbum como por um “Maomé”, um profeta. O que poderia nos revelar esse bumbum?
Corri para as bancas e comprei a “Playboy” sob o olhar debochado do jornaleiro que me reconheceu e perguntou se eu não ia levar o “The Economist” também. “Claro, claro...”, respondi, vermelho. Chego em casa, rasgo a capa de plástico com as mãos trêmulas, abro com uma sensação de pecado e esperança e vejo Juliana Paes em seu esplendor. Folheio a revista e caio numa perplexidade muda.
Antes de continuar, devo dizer que já escrevi sobre o bumbum da Feiticeira, o bumbum da Tiazinha e continuo sem uma palavra apropriada. Não há na língua portuguesa um termo corrente para essa parte do corpo. A palavra “bunda” tem uma conotação pejorativa, um substantivo já adjetivado de saída. Há eufemismos como “traseiro” ou metonímias como “nádegas”, “glúteos” etc... Portanto, “bunda” é a palavra certa. Muito bem; com todo respeito, a bunda de Juliana me deixou aparvalhado. Não sei se esperava muito; só sei que fui tomado por uma funda decepção. Não sobre beleza da bunda, pois é muito bonita sim, mas pelo choque de realidade que me trouxe. Afinal, verificamos que era apenas uma bunda e não um enviado de Deus, era apenas uma moça que nos parece gentil, romântica, bondosa como uma babá, mostrando o bumbum como um bebê recém-nascido. Ela sorri, parecendo dizer: “É só isso o que vocês queriam? Ora... pois aqui está minha bundinha...” Olhei o bumbum de Juliana por todos os ângulos, e nada aconteceu, sexual e filosoficamente. Confesso, Juliana, com todo o respeito, que imaginei cenas eróticas comigo mesmo, com outros e nada senti... Pensei: “Estou decadente, ou as uvas estão verdes...”. Mas, não; não era isso. Bateu-me mesmo uma certa tristeza, de ver aquela moça ali, satisfazendo nosso desejo bruto e invasivo, esse povo de onanistas e sodomitas sempre desejando a mulher por trás. Senti um vazio ao ver um segredo revelado, estragando com sua nudez meridiana a gloria da moça da novela. Algo como água fria num sucesso, algo como a traição contra Zeca Pagodinho, no auge de sua ascensão. O mercado estraga o prazer, programando-o. Toda a beleza do mito é justamente seu mistério inacessível, seu enigma não decifrado. Juliana da novela não é só sua bunda. Ela é a doce ingênua do subúrbio, a moça generosa, “dadeira”, mas honesta, com seu rosto redondo de brasileira, com largos quadris de boa mãe leiteira. Sua nudez não tem a norma perversa das “playmates” típicas. Falta-lhe a crua perversão das outras, gatas ferozes prometendo sexo selvagem. Não. Juliana tenta rostos sacanas, mas só passa uma doçura incontrolável, faltando-lhe a catadura zangada das punks ou sadomasoquistas.
Daí, me bateu a verdade inapelável e cruel: a bunda não existe. Só existe a “idéia” de bunda, o conceito platônico de bunda. Isso. No caso de Juliana, o bumbum real destrói o bumbum imaginário. Sempre sonhamos com aquele bumbum adivinhado sob os vestidos na novela e ele tinha a multidimensão rica de uma metáfora. Ele era todos os bumbuns, ele era uma promessa de vida em nossos corações. Mas, diante do bumbum real a vida perdeu o mistério, tudo se aquietou na paz da anatomia óbvia. O bumbum deixou de ser uma utopia e só restou o bumbum possível. Vemos, com clareza e realismo, que virou um bumbum mortal, sem transcendência, que é apenas um bom bumbum brasileiro, que um dia cairá, como o PT.
Por isso, me pergunto por que a bunda é nosso símbolo? Para os anglo-saxões são os seios, leiteiros, alimentícios. O bumbum para nós, ibéricos, é menos inquietante que a vagina; essa nos lembra fecundidade, essa nos coloca
diante da responsabilidade da criação da vida, e até dos perigos da devoração pela fêmea dentada e potente. A vagina é um pênis embutido; a vagina é o “outro” e merece respeito. Já o bumbum, por infecundo, a reboque do corpo, tem uma imagem mais propícia para sacanagens sem perigo, além de ser uma herança do homossexualismo deslocado dos senhores portugueses diante das negras zulus nas senzalas.
Por isso, afirmo que o bumbum de Juliana, por mais caras perversas que ela faça na revista, é uma bunda romântica, familiar. O rosto maternal de Juliana prejudica o desempenho de seu bumbum. No caso de Tiazinha ou da Feiticeira, a bunda tinha vida própria. Era mais importante que as donas. Muitas mulheres de bonitas bundas chegam a ter ciúmes de si mesmas e têm uma atitude envergonhada de suas formas calipígias. A mulher de bunda bonita caminha como se fossem duas: ela e sua bunda. Uma fala e ninguém ouve; a outra cala e todos olham. A mulher de bunda bonita não tem sossego; está sempre autoconsciente do tesouro que reboca. A mulher de bunda bonita mesmo de frente está sempre de costas. A mulher de bunda bonita vive angustiada - quem é amada? Ela ou sua bunda? Algumas bundas até parecem ter pena de suas donas e quase dizem: “Olhem para ela também, ouçam suas opiniões, sentimentos... Ela também é legal...”.
Mas, a verdade é econômica. A bunda hoje no Brasil é um ativo. Centenas, milhares de moças bonitas usam-na como um emprego informal, um instrumento de ascensão social. A globalização da economia está nos deixando sem calças. Sobrou-nos a bunda... nosso único capital.
Arnaldo Jabor em "Amor é prosa sexo é poesia"
Ainda alucinado, os deditos “fugiram-me” para a poesia, mas vou escrever em prosa lucida...
Está um calor abrasador e eu não o aprecio. Prefiro de longe o frio. Sempre posso vestir mais roupa para me aquecer, o que para arrefecer não funciona de forma inversa... não me posso ir despindo até arrancar a pele. Depois, também há mais coisas e formas para aquecer do que para arrefecer... mas isso é outra questão – ou talvez esta também seja .
Já não bastava ter de sofrer os efeitos dos raios fervilhantes deste sol escaldante, mas também ter de ficar ofuscado com outras incandescências a que ele obriga. Ver muitas mulheres semi-despidas. Curioso é que são as boazonas que mais e melhor se despem juntado o prazer de se sentirem fresquinhas, ao gozo meio “safadinho” de pretender fazer estremecer o olhar de alguns “machos” mais voláteis.
E hoje eu não resisti... entrei em alucinação total. Não porque vi algum corpo mais fenomenal, mas por uma série de coincidências do momento.
Eu conto.
Fui almoçar a um centro comercial, um local bem diferente do recatado e quase familiar restaurante onde habitualmente costumo ir.
Estava fresquinho e havia muita gente para ver e também muita escolha para comer - comida
E que fui escolher eu?
Um restaurante com o nome “Papa Misto”...
E para comer?
Uma espetada na brasa...
E que lugar para saborear a minha refeição?
Um canto bem colocado onde podia observar todo o corredor de passagem...
E que estava a ouvir eu?
Ando numa de “audio-livros” e no meu SmartPhone corria uma crónica de Arnaldo Jabor com o titulo “MEDITAÇÕES DIANTE DO BUMBUM DE JULIANA” …
(transcrevo no final para quem apreciar e porque sou fã).
Dito isto, ora vejam lá se não tinha de ficar completamente alucinado?
Algumas gostosonas das que acima mencionei a passear o seu corpinho bastante despido de roupa e muito vestido de sensualidade ali bem na minha frente, “papa misto” estratégicamente bem visivel no toalhete do meu tabuleiro e a obrigar-me a dar-lhe outra interpretação, no prato uma apetitosa espetada acompanhada de uma saudável salada a desafiar o meu prazer e a prometer-me manter a forma, a boca a salivar de gulodice e o corpo a indiciar um prazer latente, o ligeiro picante a acordar as papilas gostativas e a fazerem-me recordar as delicias de outros sabores, e o Arnaldo a soprar-me nas orelhas aquelas “imagens” de belos “bumbuns” e afins...
Não estivesse o local fresco e tinha entrado em combustão. Mas em alucinação entrei...
...e o resto não digo - é pura imaginação
-
MEDITAÇÕES DIANTE DO BUMBUM DE JULIANA
No Brasil, o bumbum virou um capital com vida própria
Nos últimos dias, só houve dois assuntos nesse bendito país: a gafe do Lula com o jornalista e o bumbum de Juliana Paes na “Playboy”. Prefiro o bumbum de Juliana.
Ia escrever sobre a babaquice do Lula, mas creio que o outro assunto é mais “palpável” do que esse governo especializado em alternar lentíssimas indecisões com arroubos ridículos, “assembleísmos” leninistas com gestos bruscos que, em geral, têm de ser consertados depois. Mas, não adianta repetir o óbvio para surdos. Vamos ao que interessa: o bumbum era esperado como um messias redentor, aguardado como a salvação do país nesse momento sem graça.
Políticos, bancários, eu, todos ansiávamos por esse bumbum como por um “Maomé”, um profeta. O que poderia nos revelar esse bumbum?
Corri para as bancas e comprei a “Playboy” sob o olhar debochado do jornaleiro que me reconheceu e perguntou se eu não ia levar o “The Economist” também. “Claro, claro...”, respondi, vermelho. Chego em casa, rasgo a capa de plástico com as mãos trêmulas, abro com uma sensação de pecado e esperança e vejo Juliana Paes em seu esplendor. Folheio a revista e caio numa perplexidade muda.
Antes de continuar, devo dizer que já escrevi sobre o bumbum da Feiticeira, o bumbum da Tiazinha e continuo sem uma palavra apropriada. Não há na língua portuguesa um termo corrente para essa parte do corpo. A palavra “bunda” tem uma conotação pejorativa, um substantivo já adjetivado de saída. Há eufemismos como “traseiro” ou metonímias como “nádegas”, “glúteos” etc... Portanto, “bunda” é a palavra certa. Muito bem; com todo respeito, a bunda de Juliana me deixou aparvalhado. Não sei se esperava muito; só sei que fui tomado por uma funda decepção. Não sobre beleza da bunda, pois é muito bonita sim, mas pelo choque de realidade que me trouxe. Afinal, verificamos que era apenas uma bunda e não um enviado de Deus, era apenas uma moça que nos parece gentil, romântica, bondosa como uma babá, mostrando o bumbum como um bebê recém-nascido. Ela sorri, parecendo dizer: “É só isso o que vocês queriam? Ora... pois aqui está minha bundinha...” Olhei o bumbum de Juliana por todos os ângulos, e nada aconteceu, sexual e filosoficamente. Confesso, Juliana, com todo o respeito, que imaginei cenas eróticas comigo mesmo, com outros e nada senti... Pensei: “Estou decadente, ou as uvas estão verdes...”. Mas, não; não era isso. Bateu-me mesmo uma certa tristeza, de ver aquela moça ali, satisfazendo nosso desejo bruto e invasivo, esse povo de onanistas e sodomitas sempre desejando a mulher por trás. Senti um vazio ao ver um segredo revelado, estragando com sua nudez meridiana a gloria da moça da novela. Algo como água fria num sucesso, algo como a traição contra Zeca Pagodinho, no auge de sua ascensão. O mercado estraga o prazer, programando-o. Toda a beleza do mito é justamente seu mistério inacessível, seu enigma não decifrado. Juliana da novela não é só sua bunda. Ela é a doce ingênua do subúrbio, a moça generosa, “dadeira”, mas honesta, com seu rosto redondo de brasileira, com largos quadris de boa mãe leiteira. Sua nudez não tem a norma perversa das “playmates” típicas. Falta-lhe a crua perversão das outras, gatas ferozes prometendo sexo selvagem. Não. Juliana tenta rostos sacanas, mas só passa uma doçura incontrolável, faltando-lhe a catadura zangada das punks ou sadomasoquistas.
Daí, me bateu a verdade inapelável e cruel: a bunda não existe. Só existe a “idéia” de bunda, o conceito platônico de bunda. Isso. No caso de Juliana, o bumbum real destrói o bumbum imaginário. Sempre sonhamos com aquele bumbum adivinhado sob os vestidos na novela e ele tinha a multidimensão rica de uma metáfora. Ele era todos os bumbuns, ele era uma promessa de vida em nossos corações. Mas, diante do bumbum real a vida perdeu o mistério, tudo se aquietou na paz da anatomia óbvia. O bumbum deixou de ser uma utopia e só restou o bumbum possível. Vemos, com clareza e realismo, que virou um bumbum mortal, sem transcendência, que é apenas um bom bumbum brasileiro, que um dia cairá, como o PT.
Por isso, me pergunto por que a bunda é nosso símbolo? Para os anglo-saxões são os seios, leiteiros, alimentícios. O bumbum para nós, ibéricos, é menos inquietante que a vagina; essa nos lembra fecundidade, essa nos coloca
diante da responsabilidade da criação da vida, e até dos perigos da devoração pela fêmea dentada e potente. A vagina é um pênis embutido; a vagina é o “outro” e merece respeito. Já o bumbum, por infecundo, a reboque do corpo, tem uma imagem mais propícia para sacanagens sem perigo, além de ser uma herança do homossexualismo deslocado dos senhores portugueses diante das negras zulus nas senzalas.
Por isso, afirmo que o bumbum de Juliana, por mais caras perversas que ela faça na revista, é uma bunda romântica, familiar. O rosto maternal de Juliana prejudica o desempenho de seu bumbum. No caso de Tiazinha ou da Feiticeira, a bunda tinha vida própria. Era mais importante que as donas. Muitas mulheres de bonitas bundas chegam a ter ciúmes de si mesmas e têm uma atitude envergonhada de suas formas calipígias. A mulher de bunda bonita caminha como se fossem duas: ela e sua bunda. Uma fala e ninguém ouve; a outra cala e todos olham. A mulher de bunda bonita não tem sossego; está sempre autoconsciente do tesouro que reboca. A mulher de bunda bonita mesmo de frente está sempre de costas. A mulher de bunda bonita vive angustiada - quem é amada? Ela ou sua bunda? Algumas bundas até parecem ter pena de suas donas e quase dizem: “Olhem para ela também, ouçam suas opiniões, sentimentos... Ela também é legal...”.
Mas, a verdade é econômica. A bunda hoje no Brasil é um ativo. Centenas, milhares de moças bonitas usam-na como um emprego informal, um instrumento de ascensão social. A globalização da economia está nos deixando sem calças. Sobrou-nos a bunda... nosso único capital.
Arnaldo Jabor em "Amor é prosa sexo é poesia"
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sexualidade,
sociedade
segunda-feira, 23 de maio de 2011
Filhos da mãe... (ou como denunciar o acordo ortográfico)
Enquanto almoçava passou uma noticia sobe a (In)utilidade dos manuais escolares que não cumpram o novo acordo ortográfico.
Indignado, pensei de imediato: Estamos tesos mas lá vem mais um impiedoso ataque ao nosso bolso. Mas depois pensei melhor, e a minha indignação sobre o porquê de um novo acordo ortográfico já era bem maior do que a primeira.
E diz-se “novo” porque já houve outros, mas este é de longe o que mais revolta me causa. Uma revolta provocada por este “render” de identidade, e que essa sim, é que está em perigo com este nosso jeito submisso de estar, e que agora com esta crise ainda está mais evidente. Só que, como continuo a acreditar não ser esta a característica deste outrora grande povo, não me rendo, antes pelo contrário, aqui estou a manifestar o meu desagrado.
E falar do povo português é falar da sua maior e melhor identidade – a sua lingua...
Mas parece que ninguém quer saber dela – melhor -, só nós mesmo, porque os outros querem, particularmente os Brasileiros - mas da pior maneira.
Os Espanhóis nunca aceitariam um acordo destes para os obrigar a falar como os Argentinos. Os Bascos, mesmo sendo perto de duas centenas de milhar a falar Basco, nunca desistiram de lutar pela sua língua e agora tem a língua Basca como oficial no seu pequeno "país".
Só nós mesmo para chegarmos a este triste estado que nos retirou o vigor de outrora, e de chapéu na mão e de vénia em vénia, vamos oferecendo tudo - até a “mãe” língua -, deixando que um filho da mesma mãe chegue quase ao ponto de cometer incesto.
Como Latinos de origem, e mais não seja por isso mesmo, porque permitimos que nos afastem dos outros?
Estar-mo-nos a afastar da língua de biliões de pessoas para ficarmos mais próximos dos Brasileiros é um disparate, e mais disparate ainda é eles mesmo se quererem afastar.
Porquê dificultar a vida a quem quer aprender Português e tornar a língua mais dificil de apreender?
Reparem no seguinte exemplo:
Em Português "Actor"
Em Latim "Actor"
Em Francês "Acteur"
Em Espanhol "Actor"
Em inglês "Actor"
Em alemão "Akteur"
Em Brasileiro "Ator"
(mais exemplos em imagem no final do post)
Porque carga de água estamos a fugir das origens e de uma boa parte do mundo, para ir atrás dos Brasileiros? E eles mesmo querem ir para onde? E mais... Será que merecem? Reparem como nos abandonaram neste crise...
E o resto dos PALOP?
Quando será que Angola também vai querer um acordo?
Estou bué de chateado com isto... (é verdade, o “bué” e afins africanos, também já cá “cantam”).
Para mim chega.
Na minha vida profissional já levo com Brasileiro até dizer chega por via da maioria dos programas serem em Português-BR e não em Português-PT.
Se há dois “Português”, assim seja, mantemos o -PT e o -BR separados... e cada um que siga a sua vidinha.
O futuro há de deletar um, ou então fazemos um enquete, um ato que provávelmente desatará estes laços, mas nada de passar a mão pelo pelo dos brasileiros.
A última frase foi escrita conforme o acordo e é estranha, insípida, confusa e imperceptível, mas vai ser a última, pois nunca me sujeitarei a ele - mal por mal, prefiro escrever sem pontuação.
E vejam a diferença da falta de pontuação... numa simples frase que lanço em jeito de repto sobre o acordo... ( ai se eu dizia "reto" ) - ía reto ao reto dos Brasileiros .
Se disser: “Não queremos saber”, é completamente diferente de dizer: “Não, queremos saber”.
E queremos saber ou não?
Eu quero, e se quiser também assine esta petição que se encontra alojada na internet no site Petição Publica que disponibiliza um serviço público gratuito para petições online.
Indignado, pensei de imediato: Estamos tesos mas lá vem mais um impiedoso ataque ao nosso bolso. Mas depois pensei melhor, e a minha indignação sobre o porquê de um novo acordo ortográfico já era bem maior do que a primeira.
E diz-se “novo” porque já houve outros, mas este é de longe o que mais revolta me causa. Uma revolta provocada por este “render” de identidade, e que essa sim, é que está em perigo com este nosso jeito submisso de estar, e que agora com esta crise ainda está mais evidente. Só que, como continuo a acreditar não ser esta a característica deste outrora grande povo, não me rendo, antes pelo contrário, aqui estou a manifestar o meu desagrado.
E falar do povo português é falar da sua maior e melhor identidade – a sua lingua...
Mas parece que ninguém quer saber dela – melhor -, só nós mesmo, porque os outros querem, particularmente os Brasileiros - mas da pior maneira.
Os Espanhóis nunca aceitariam um acordo destes para os obrigar a falar como os Argentinos. Os Bascos, mesmo sendo perto de duas centenas de milhar a falar Basco, nunca desistiram de lutar pela sua língua e agora tem a língua Basca como oficial no seu pequeno "país".
Só nós mesmo para chegarmos a este triste estado que nos retirou o vigor de outrora, e de chapéu na mão e de vénia em vénia, vamos oferecendo tudo - até a “mãe” língua -, deixando que um filho da mesma mãe chegue quase ao ponto de cometer incesto.
Como Latinos de origem, e mais não seja por isso mesmo, porque permitimos que nos afastem dos outros?
Estar-mo-nos a afastar da língua de biliões de pessoas para ficarmos mais próximos dos Brasileiros é um disparate, e mais disparate ainda é eles mesmo se quererem afastar.
Porquê dificultar a vida a quem quer aprender Português e tornar a língua mais dificil de apreender?
Reparem no seguinte exemplo:
Em Português "Actor"
Em Latim "Actor"
Em Francês "Acteur"
Em Espanhol "Actor"
Em inglês "Actor"
Em alemão "Akteur"
Em Brasileiro "Ator"
(mais exemplos em imagem no final do post)
Porque carga de água estamos a fugir das origens e de uma boa parte do mundo, para ir atrás dos Brasileiros? E eles mesmo querem ir para onde? E mais... Será que merecem? Reparem como nos abandonaram neste crise...
E o resto dos PALOP?
Quando será que Angola também vai querer um acordo?
Estou bué de chateado com isto... (é verdade, o “bué” e afins africanos, também já cá “cantam”).
Para mim chega.
Na minha vida profissional já levo com Brasileiro até dizer chega por via da maioria dos programas serem em Português-BR e não em Português-PT.
Se há dois “Português”, assim seja, mantemos o -PT e o -BR separados... e cada um que siga a sua vidinha.
O futuro há de deletar um, ou então fazemos um enquete, um ato que provávelmente desatará estes laços, mas nada de passar a mão pelo pelo dos brasileiros.
A última frase foi escrita conforme o acordo e é estranha, insípida, confusa e imperceptível, mas vai ser a última, pois nunca me sujeitarei a ele - mal por mal, prefiro escrever sem pontuação.
E vejam a diferença da falta de pontuação... numa simples frase que lanço em jeito de repto sobre o acordo... ( ai se eu dizia "reto" ) - ía reto ao reto dos Brasileiros .
Se disser: “Não queremos saber”, é completamente diferente de dizer: “Não, queremos saber”.
E queremos saber ou não?
Eu quero, e se quiser também assine esta petição que se encontra alojada na internet no site Petição Publica que disponibiliza um serviço público gratuito para petições online.
segunda-feira, 9 de maio de 2011
VisualMente
Na senda da paixão manifestada no post " Com (sentindo) as palavras... ", eis-me feito por elas, moldado pelas emoções que me transmitem, e colorido pelo que me provocam nos sentidos...
quinta-feira, 28 de abril de 2011
O que move o Mundo?...Dinheiro, Poder, Sexo?
Difícil a resposta e qualquer que seja está interligada entre si.
Nunca o Dinheiro comprou tanta coisa, nunca o Poder foi tão ambicionado e nunca o Sexo foi tão badalado. E nem vale a pena olhar para a história antropológica para tentar encontrar picos em que qualquer uma dessas permissas tivesse um auge que desminta esta teoria, pois quando as teve, depressa se reorganizaram nesse instável equilíbrio
É verdade que houve épocas em que meia dúzia de super-ricos dominavam em absoluto uma imensidão de super-pobres, que o poder de alguns povos era quase global e estava concentrado numa só pessoa super-poderosa, e que houve culturas onde o sexo tomava a dianteira nos interesses e actividades. Mas em nenhuma dessas situações/condições, o dinheiro, o poder e o sexo estiveram ao alcance de tantos nem em condições como agora onde tudo podemos e tudo sabemos - “tudo” entre “” para ressalvar as excepções de quem quer mais do que o que pode, de quem pode mas não quer, e claro está... de quem não pode, não quer e anda por aí a ver a “banda passar”.
O que constato é que para a grande maioria – sem excepção de género - o sexo move o mundo. Cada vez mais as pessoas vivem para e por ele... - e não é pensamento de mente ninfomaníaca como até daria jeito acreditar fosse -, é algo constatável em tudo, em todos, e em todos os nossos actos, dos mais simples aos mais complexos e dos mais subjectivos aos mais objectivos.
Não vale a pena enganarmos a mente e dizer que em cada dia da nossa vida desde os cuidados de higiene aos da alimentação até à forma de vestir e se produzir nada tem a ver com sexo. Tudo tem no subconsciente um intuito primordial – Seduzir. Porque seduzimos é outra questão, mas não ficarei longe da verdade se der como resposta o título deste post - “Dinheiro, Poder, Sexo”.
Como gosto de tudo explicadinho vou “justificar" o que afirmo...
Temos cuidados na higiene pessoal porquê? A resposta será por necessidade e até hábito, mas não será que o fazemos porque ficamos mais atractivos e perfumados, logo mais seguros e auto-confiantes para enfrentar um momento intimo inesperado... ou não?
Vestimo-nos porquê? A resposta aqui será por protecção do clima e por pudor, mas não será que também endossamos à roupa uma espécie de identidade emissora de uma mensagem que queremos seja apelativa?
Alimentamo-nos porquê? A resposta aqui será por necessidade e até prazer, mas se os cuidados de saúde parecem tomar a dianteira nas escolhas do que comemos, não será verdade que cada vez mais a grande maioria pensa na balança e na linha estética?
E depois os pormenores - que são é pormaiores...
Na boca, os dentes, pequenos pedacinhos de brancura tão importantes para a confiança no sorriso - e claro está -, capacidade de atracção, e uma panfernália de aditivos para garantir um hálito que não cause dúvidas se tiver de se tirar tangentes a outra boca.
Na cabeça, o cabelo bem cuidado e que garanta o brilho do que está por baixo, nos pulsos ou pescoço um perfume que prometeu seduzir o olfacto da vizinhança... e até as feromonas, e nos pés aquele sapato “xpto” que às vezes nem é o mais confortável mas que encaixa na “toilette”.
E tudo isto sem diferenças, tenha ou não uma “anilha” comprometedora no dedo. O que importa é que a imagem esteja conforme, para que nenhuma pessoa nos reprove (particularmente do sexo oposto)... nem a feiosa estrategicamente colocada num canto do escritório, ou o barrigudo enjeitado que já perdeu contacto visual com o seu “parceiro” do andar de baixo pode ficar de fora.
Definitivamente, a “imagem” tem peso na nossa existência e com ela pretendemos recolher dividendos... de todos. Não é só o ser bem recebido e com um sorriso, mas também o ser melhor atendido e considerado, ou recolher sorrateiros mas interessados olhares sonhando sempre com algum resultado prático.
Mas o dinheiro também tem. É por isso que se trabalha, se tenta ser melhor que os outros, fazer melhores negócios ou umas horitas extra, porque o intuito é ter sempre como resultado ganhar mais dinheiro e possuir mais poder de compra. Precisamos de um carro para nos deslocarmos, mas a escolha recai sempre no mais vistoso e não no mais eficaz, compramos uma casa, mas tem de ser no prédio mais bonito e não no mais confortável, e até a ementa por vezes é escolhida pelo “gourmet” e não pelo salivar.
E tudo isto é para puder ter “Dinheiro, Poder ou Sexo?
Respondam vocês que eu tenho é mais perguntas...
Porque é que o sexo nas suas infinitas vertentes nos embute a mente e nos toma conta do corpo durante uma considerável parte do dia?
Será que o Sexo é tão irracional como se diz quando se constata que depende cada vez mais de "esquemas" sempre mais elaborados e complexos para lá chegar gerando uma espécie de competição?
Será evolução ou regressão abandonar as formas de conquista mais naturais em detrimento das cada vez mais sofisticadas e elaboradas com “itens” demarcados e cotados por “modas”?
Eu não tenho respostas sustentadas cabalmente, mas sinto que nunca tanto do que se faz desde que se acorda até adormecer foi tão produzido em função de objectivos predefinidos, e que um dos objectivos que cada vez mais toma a dianteira é “quem se vai "comer" hoje”... nem que não seja consumado o "comer" real, o objectivo é latente e desde que se ganhe aproximação para...
O ritual "sexo" nunca foi tão praticado como agora, e se alguns acham que estamos a caminho do auge, com o “swing” o “sexo livre”, o “poliamor”, o “exosexo” (sexo fora do corpo biológico), eu acho que tamanha banalização nos está a fazer entrar em curva descendente porque essa banalização está a superar todas as variantes da imaginação... digamos que se estão a esgotar todas as "pulsões eróticas" e é notório que os adolescentes de hoje já estão nessa "dificuldade" rendidos a todo o tipo de ecrans que os transportam para muito mais que outrora, mas muito menos real que nunca.
Acho até, que mais do que por origem genética, o aumento da homossexualidade é prova de um esgotar de sensações... as restantes e últimas não experimentadas - nos fetiches a mesma coisa... já nem ideias novas para fetiches abundam.
Até Freud... que era um g'anda maluco e apelidado de machista e anti-feminista sexual, perdeu-se entre “Eros” - a força da pulsão, e “Thânatos” - o desejo de repouso absoluto.
De facto as pulsões manifestam-se das maneiras mais diferenciadas e são todas elas que formam a grande força motriz da humanidade.
E se Freud é passado, como será no futuro?... Como será o sexo no futuro?
São tantos e rápidos os avanços na tecnologia e na ciência, na inteligência artificial e na genética, que rapidamente atingiremos uma singularidade tecnológica que pode ser usada para melhorar as nossas capacidades mentais e físicas.
E humanamente onde ficamos?... Onde e como fica o Amor em tudo isto?
Muito maltratado – digo eu -, e porque se denoto demasiada ansia por amor, demasiadas dúvidas e incerteza de amor e demasiada dor por amor – ou por falta dele, um futuro assim não augura melhorias.
Ou será o Dinheiro, o Poder ou o Sexo a ameaçar o Amor?
Para mim é o sexo... que é a mesma coisa que dizer dinheiro e poder.
Finalizo argumentado a minha teoria.
Nos meus devaneios de conversas com quem me vou cruzando na vida real e principalmente pelos quatro cantos da web pesquisando e lendo muito, vi que o tema central é sempre à volta de sexo. È a palavra mais pesquisada nos browsers, é o responsável por milhões de site pornográficos, mais milhões de palavras em textos eróticos que exploram os imaginários mais férteis, em biliões de conversas nos mais variados chats, em mais biliões de fotos mais arrojadas e colocadas por pessoas tão incautas que muitas vezes são fotos próprias e depois ainda afirmam que objectivamente não procuram nada – dizem elas... e por aí fora...
Claro que também há muita poesia, romance e outras variantes inspiradores de Amizade e de Amor, mas suspeito que até nessas existe aquela intençãozinha sexual escondida. E há muito copy/paste sem meditar minimamente no acto e até no respeito, e de tudo e mais alguma coisa, mas isso é outro assunto que já abordei noutros posts.
E falando na Net, deveria falar de sexo virtual, mas não falo porque seria negado tal qual todos negavam ver o “big Brother” e ao mesmo tempo era o programa que mais audiência tinha.
Só para contrariar o que toda a gente gosta com o que toda a gente detesta faço esta mistura infame de colocar o que disse numa equação matemática.
P=D
D=P/+S
S=+PD
E para os "pósliminares" ofereço um video condicente
Nunca o Dinheiro comprou tanta coisa, nunca o Poder foi tão ambicionado e nunca o Sexo foi tão badalado. E nem vale a pena olhar para a história antropológica para tentar encontrar picos em que qualquer uma dessas permissas tivesse um auge que desminta esta teoria, pois quando as teve, depressa se reorganizaram nesse instável equilíbrio
É verdade que houve épocas em que meia dúzia de super-ricos dominavam em absoluto uma imensidão de super-pobres, que o poder de alguns povos era quase global e estava concentrado numa só pessoa super-poderosa, e que houve culturas onde o sexo tomava a dianteira nos interesses e actividades. Mas em nenhuma dessas situações/condições, o dinheiro, o poder e o sexo estiveram ao alcance de tantos nem em condições como agora onde tudo podemos e tudo sabemos - “tudo” entre “” para ressalvar as excepções de quem quer mais do que o que pode, de quem pode mas não quer, e claro está... de quem não pode, não quer e anda por aí a ver a “banda passar”.
O que constato é que para a grande maioria – sem excepção de género - o sexo move o mundo. Cada vez mais as pessoas vivem para e por ele... - e não é pensamento de mente ninfomaníaca como até daria jeito acreditar fosse -, é algo constatável em tudo, em todos, e em todos os nossos actos, dos mais simples aos mais complexos e dos mais subjectivos aos mais objectivos.
Não vale a pena enganarmos a mente e dizer que em cada dia da nossa vida desde os cuidados de higiene aos da alimentação até à forma de vestir e se produzir nada tem a ver com sexo. Tudo tem no subconsciente um intuito primordial – Seduzir. Porque seduzimos é outra questão, mas não ficarei longe da verdade se der como resposta o título deste post - “Dinheiro, Poder, Sexo”.
Como gosto de tudo explicadinho vou “justificar" o que afirmo...
Temos cuidados na higiene pessoal porquê? A resposta será por necessidade e até hábito, mas não será que o fazemos porque ficamos mais atractivos e perfumados, logo mais seguros e auto-confiantes para enfrentar um momento intimo inesperado... ou não?
Vestimo-nos porquê? A resposta aqui será por protecção do clima e por pudor, mas não será que também endossamos à roupa uma espécie de identidade emissora de uma mensagem que queremos seja apelativa?
Alimentamo-nos porquê? A resposta aqui será por necessidade e até prazer, mas se os cuidados de saúde parecem tomar a dianteira nas escolhas do que comemos, não será verdade que cada vez mais a grande maioria pensa na balança e na linha estética?
E depois os pormenores - que são é pormaiores...
Na boca, os dentes, pequenos pedacinhos de brancura tão importantes para a confiança no sorriso - e claro está -, capacidade de atracção, e uma panfernália de aditivos para garantir um hálito que não cause dúvidas se tiver de se tirar tangentes a outra boca.
Na cabeça, o cabelo bem cuidado e que garanta o brilho do que está por baixo, nos pulsos ou pescoço um perfume que prometeu seduzir o olfacto da vizinhança... e até as feromonas, e nos pés aquele sapato “xpto” que às vezes nem é o mais confortável mas que encaixa na “toilette”.
E tudo isto sem diferenças, tenha ou não uma “anilha” comprometedora no dedo. O que importa é que a imagem esteja conforme, para que nenhuma pessoa nos reprove (particularmente do sexo oposto)... nem a feiosa estrategicamente colocada num canto do escritório, ou o barrigudo enjeitado que já perdeu contacto visual com o seu “parceiro” do andar de baixo pode ficar de fora.
Definitivamente, a “imagem” tem peso na nossa existência e com ela pretendemos recolher dividendos... de todos. Não é só o ser bem recebido e com um sorriso, mas também o ser melhor atendido e considerado, ou recolher sorrateiros mas interessados olhares sonhando sempre com algum resultado prático.
Mas o dinheiro também tem. É por isso que se trabalha, se tenta ser melhor que os outros, fazer melhores negócios ou umas horitas extra, porque o intuito é ter sempre como resultado ganhar mais dinheiro e possuir mais poder de compra. Precisamos de um carro para nos deslocarmos, mas a escolha recai sempre no mais vistoso e não no mais eficaz, compramos uma casa, mas tem de ser no prédio mais bonito e não no mais confortável, e até a ementa por vezes é escolhida pelo “gourmet” e não pelo salivar.
E tudo isto é para puder ter “Dinheiro, Poder ou Sexo?
Respondam vocês que eu tenho é mais perguntas...
Porque é que o sexo nas suas infinitas vertentes nos embute a mente e nos toma conta do corpo durante uma considerável parte do dia?
Será que o Sexo é tão irracional como se diz quando se constata que depende cada vez mais de "esquemas" sempre mais elaborados e complexos para lá chegar gerando uma espécie de competição?
Será evolução ou regressão abandonar as formas de conquista mais naturais em detrimento das cada vez mais sofisticadas e elaboradas com “itens” demarcados e cotados por “modas”?
Eu não tenho respostas sustentadas cabalmente, mas sinto que nunca tanto do que se faz desde que se acorda até adormecer foi tão produzido em função de objectivos predefinidos, e que um dos objectivos que cada vez mais toma a dianteira é “quem se vai "comer" hoje”... nem que não seja consumado o "comer" real, o objectivo é latente e desde que se ganhe aproximação para...
O ritual "sexo" nunca foi tão praticado como agora, e se alguns acham que estamos a caminho do auge, com o “swing” o “sexo livre”, o “poliamor”, o “exosexo” (sexo fora do corpo biológico), eu acho que tamanha banalização nos está a fazer entrar em curva descendente porque essa banalização está a superar todas as variantes da imaginação... digamos que se estão a esgotar todas as "pulsões eróticas" e é notório que os adolescentes de hoje já estão nessa "dificuldade" rendidos a todo o tipo de ecrans que os transportam para muito mais que outrora, mas muito menos real que nunca.
Acho até, que mais do que por origem genética, o aumento da homossexualidade é prova de um esgotar de sensações... as restantes e últimas não experimentadas - nos fetiches a mesma coisa... já nem ideias novas para fetiches abundam.
Até Freud... que era um g'anda maluco e apelidado de machista e anti-feminista sexual, perdeu-se entre “Eros” - a força da pulsão, e “Thânatos” - o desejo de repouso absoluto.
De facto as pulsões manifestam-se das maneiras mais diferenciadas e são todas elas que formam a grande força motriz da humanidade.
E se Freud é passado, como será no futuro?... Como será o sexo no futuro?
São tantos e rápidos os avanços na tecnologia e na ciência, na inteligência artificial e na genética, que rapidamente atingiremos uma singularidade tecnológica que pode ser usada para melhorar as nossas capacidades mentais e físicas.
E humanamente onde ficamos?... Onde e como fica o Amor em tudo isto?
Muito maltratado – digo eu -, e porque se denoto demasiada ansia por amor, demasiadas dúvidas e incerteza de amor e demasiada dor por amor – ou por falta dele, um futuro assim não augura melhorias.
Ou será o Dinheiro, o Poder ou o Sexo a ameaçar o Amor?
Para mim é o sexo... que é a mesma coisa que dizer dinheiro e poder.
Finalizo argumentado a minha teoria.
Nos meus devaneios de conversas com quem me vou cruzando na vida real e principalmente pelos quatro cantos da web pesquisando e lendo muito, vi que o tema central é sempre à volta de sexo. È a palavra mais pesquisada nos browsers, é o responsável por milhões de site pornográficos, mais milhões de palavras em textos eróticos que exploram os imaginários mais férteis, em biliões de conversas nos mais variados chats, em mais biliões de fotos mais arrojadas e colocadas por pessoas tão incautas que muitas vezes são fotos próprias e depois ainda afirmam que objectivamente não procuram nada – dizem elas... e por aí fora...
Claro que também há muita poesia, romance e outras variantes inspiradores de Amizade e de Amor, mas suspeito que até nessas existe aquela intençãozinha sexual escondida. E há muito copy/paste sem meditar minimamente no acto e até no respeito, e de tudo e mais alguma coisa, mas isso é outro assunto que já abordei noutros posts.
E falando na Net, deveria falar de sexo virtual, mas não falo porque seria negado tal qual todos negavam ver o “big Brother” e ao mesmo tempo era o programa que mais audiência tinha.
Só para contrariar o que toda a gente gosta com o que toda a gente detesta faço esta mistura infame de colocar o que disse numa equação matemática.
P=D
D=P/+S
S=+PD
E para os "pósliminares" ofereço um video condicente
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23-05-2011
Quando escrevi este post não imaginava se fosse tornar tema da actualidade tão rapidamente por causa do caso Strauss-Khan - ex-director-geral do FMI e que já fez correr muita tinta.
Alguma dela é este artigo de Fátima Mariano "Quando o sexo e o poder se misturam", publicado no JN de domingo, 22-05-2011 e que por complementar o que escrevi aqui acrescento
"Quando o sexo e o poder se misturam
Relação conflituosa tem destruído a carreira de homens poderosos ao longo da História
Desde os primórdios da civilização que o sexo e o poder mantém uma relação íntima, íntima, mas nem sempre amigável. Umas vezes, o sexo insinua-se para obter privilégios junto do poder, como no caso de Mata Hari, a bailarina holandesa acusada de espionagem durante a Primeira Guerra Mundial; noutras, é o poder que abusa do sexo, como aconteceu com o ex-presidente israelita, Moshe Katsav, condenado em tribunal por dois crimes de violação contra uma antiga funcionária do Ministério do Turismo e dois de assédio sexual contra duas funcionárias da presidência. O caso Dominique Strauss-Khan - o ex-director-geral do Fundo Monetário Internacional, detido nos EUA sob a acusação de agressão sexual contra uma camareira do hotel onde se encontrava hospedado éapenas o último de uma longa lista de homens poderosos cujas carreiras foram destruídas, devido a escândalos sexuais.
Falamos apenas de homens porque, como explica o psicólogo Fernando Almeida, "há uma apetência muito maior por parte do homem para as situações que envolvam risco". "A mulher tem uma base de sustentação mais forte", sublinha. Embora o poder continue a ser considerado um afrodisíaco para muitas mulheres.
"Daí o fascínio que os homens poderosos exercem em muitas delas", acrescenta.
A queda de homens poderosos por causa de escândalos sexuais faz com que o comum dos mortais "se sinta defraudado", afirma Albertino Gonçalves, professor na Universidade do Minho, pois, como acrescenta José Fontes, professor na Universidade Aberta, "as elites têm o dever de ser referências".
Figuras públicas mais sujeitas a baixar a defesa devido à pressão a que estão sujeitas
Tony Blair, o anterior primeiro-ministro britânico, escreveu na sua autobiografia sobre aquela que é considerada uma das razões pelas quais os homens do poder por vezes se deixam enredar nas teias do sexo proibido: "Os políticos vivem sob pressão. Eles devem ter controlo enorme sobre si próprios, devem estar atentos ao que dizem e ao que fazem, à forma como se comportam. E os instintos naturais querem escapar desta prisão de 'self-control'".
Principalmente nas sociedades ocidentais fortemente mediáticas, onde tudo o que diga respeito aos poderosos "é escrutinado ao milímetro", acrescenta Albertino Gonçalves, professor do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho. Referindo-se em particular aos políticos, Albertino Gonçalves lembra que estes "não têm uma vida tão livre quanto se possa pensar". "O olhar que está sobre o político é excessivamente paranóico", diz.
Fernando Almeida, professor de Psicologia no Instituto Superior da Maia e presidente da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Psicologia da Justiça, não rejeita esta explicação, mas refere que para se chegar ao poder não basta apenas ser inteligente. "Implica também uma grande capacidade de autocontrolo, de ser capaz de se comportar adequadamente para não perder o respeito dos outros", frisa.
Até porque, refere Eugénio Oliveira, presidente da Associação Portuguesa de Ética e Filosofia Prática, "o exercício do poder por pessoas que não pratiquem uma ética da responsabilidade poderá levar à sensação de impunidade, que combinada com pouca precaução e uma constante pressão pelo sucesso podem deixá-los emocionalmente susceptíveis a práticas que são moralmente condenáveis".
Baixar a guarda
Há situações em que os detentores de poder (seja este político, económico, religioso ou outro) baixam a guarda e deixam que o instinto animalesco se sobreponha a tudo o resto, não conseguindo, nessas situações, avaliar os riscos que pode correr devido aos seus comportamentos.
"Se, eventualmente, o sujeito tiver um comportamento sexual em que existe hipersexualidade, tenha ou não uma patologia, a probabilidade do sujeito correr riscos e baixar as defesas vai ser muito maior", explica Fernando Almeida.
Este professor de Psicologia recorda que "a ambição e o desejo de poder evidencia a capacidade de estar no meio do outro e de seduzir e convencer o outro", acontecendo o mesmo ao nível da sexualidade. "É preciso não esquecer que, antes de tudo, somos um animal. E se há área onde essa animalidade aparece é na sexualidade", acrescenta.
"Pode ser um indivíduo irrepreensível no plano moral e, ao mesmo tempo, ser incapaz de controlar o seu instinto animal".
Mesmo que os indivíduos envolvidos em escândalos sexuais, como Strauss-Khan, sejam ilibados em termos judiciais, "fica sempre a suspeita" e, dificilmente, conseguirão recuperar o respeito e a credibilidade de outrora, considera José Fontes, professor auxiliar da Universidade Aberta e da Academia Militar.
"Por serem figuras de referência, devem acumular em si certos valores universais. Se a prática não corresponde ao discurso, o cidadão comum vai pensar que essas figuras, afinal, são iguais ou pior que eles", sublinha
O que nos transporta para outra questão: a da fronteira entre a vida privada e a vida pública. Exceptuando as situações em que estejam em casa alegados crimes (como no caso Strauss-Khan), até que ponto o que uma figura do poder faz na sua vida privada tem importância no seu papel de homem público?
"Em Portugal, não sei onde é que se situa essa fronteira entre o que é privado e o que é público", confessa Albertino Gonçalves. "Aqui, até as férias do primeiro-ministro são notícias", acrescenta.
Em França, a situação é diferente.
"Existe uma espécie de acordo entre o políticos e os media relativamente ao que se passa na privada dos primeiros", diz.
Como exemplo, apresenta o caso da filha ilegítima de François Mitterrand. A imprensa sabia da existência de Mazarine Pingeot, mas só falou dela depois do antigo presidente gaulês ter admitido em público que tinha uma filha ilegítima.
Os meios de comunicação social franceses também nunca fizeram referência às infidelidades de Jacques Chirrac. Só em 2001, quando Bernardette Chirac as mencionou em livro é que a sociedade francesas teve conhecimento desses casos.
Ainda sobre esta questão, Albertino Gonçalves diz que "os media obrigam as pessoas a representar. Quando a pessoa é natural nos media, não é credível".
Um certo purítanismo
Albertino Gonçalves sublinha que só nas décadas mais recentes é que "o sexo começou a ser uma ameaça ao poder", devido a uma visão puritana do exercício da política que começou a existir nas sociedades ocidentais. Lembra, por exemplo, que na Idade Média o direito da primeira noite (jus primae noctis) dava ao senhor feudal o direito de desvirginar uma noiva na noite de núpcias (como se pode ver em "Braveheart", de Mel Gibson).
Outro caso famoso foi o de Henrique VIII, de Inglaterra, excomungado pelo Papa Clemente VII depois de ter casado com Ana Bolena (irmã de uma das suas amantes) quando ainda era casado com a rainha Catarina Foi na sequência deste caso que nasceu a Igreja Anglicana.
Em "Sexualidade e Poder", Michel Foucault escreve que "na nossa sociedade contemporânea, o sexo tem sido visto de uma forma repressiva", recorda Eugénio Oliveira. "Há uma ideia estabelecida de pudor em relação ao sexo, mas tem sido esta repressão que tem sido usada como mecanismo usado pela própria sociedade para que haja transgressão".
FÁTIMA MARIANO frnariano@jn.pt
«o texto constante desta página foi gerado automaticamente por OCR (Optical Character Recogniser), pelo que é passível de conter gralhas ou erros ortográficos resultantes dessa conversão.»"
Quando escrevi este post não imaginava se fosse tornar tema da actualidade tão rapidamente por causa do caso Strauss-Khan - ex-director-geral do FMI e que já fez correr muita tinta.
Alguma dela é este artigo de Fátima Mariano "Quando o sexo e o poder se misturam", publicado no JN de domingo, 22-05-2011 e que por complementar o que escrevi aqui acrescento
"Quando o sexo e o poder se misturam
Relação conflituosa tem destruído a carreira de homens poderosos ao longo da História
Desde os primórdios da civilização que o sexo e o poder mantém uma relação íntima, íntima, mas nem sempre amigável. Umas vezes, o sexo insinua-se para obter privilégios junto do poder, como no caso de Mata Hari, a bailarina holandesa acusada de espionagem durante a Primeira Guerra Mundial; noutras, é o poder que abusa do sexo, como aconteceu com o ex-presidente israelita, Moshe Katsav, condenado em tribunal por dois crimes de violação contra uma antiga funcionária do Ministério do Turismo e dois de assédio sexual contra duas funcionárias da presidência. O caso Dominique Strauss-Khan - o ex-director-geral do Fundo Monetário Internacional, detido nos EUA sob a acusação de agressão sexual contra uma camareira do hotel onde se encontrava hospedado éapenas o último de uma longa lista de homens poderosos cujas carreiras foram destruídas, devido a escândalos sexuais.
Falamos apenas de homens porque, como explica o psicólogo Fernando Almeida, "há uma apetência muito maior por parte do homem para as situações que envolvam risco". "A mulher tem uma base de sustentação mais forte", sublinha. Embora o poder continue a ser considerado um afrodisíaco para muitas mulheres.
"Daí o fascínio que os homens poderosos exercem em muitas delas", acrescenta.
A queda de homens poderosos por causa de escândalos sexuais faz com que o comum dos mortais "se sinta defraudado", afirma Albertino Gonçalves, professor na Universidade do Minho, pois, como acrescenta José Fontes, professor na Universidade Aberta, "as elites têm o dever de ser referências".
Figuras públicas mais sujeitas a baixar a defesa devido à pressão a que estão sujeitas
Tony Blair, o anterior primeiro-ministro britânico, escreveu na sua autobiografia sobre aquela que é considerada uma das razões pelas quais os homens do poder por vezes se deixam enredar nas teias do sexo proibido: "Os políticos vivem sob pressão. Eles devem ter controlo enorme sobre si próprios, devem estar atentos ao que dizem e ao que fazem, à forma como se comportam. E os instintos naturais querem escapar desta prisão de 'self-control'".
Principalmente nas sociedades ocidentais fortemente mediáticas, onde tudo o que diga respeito aos poderosos "é escrutinado ao milímetro", acrescenta Albertino Gonçalves, professor do Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho. Referindo-se em particular aos políticos, Albertino Gonçalves lembra que estes "não têm uma vida tão livre quanto se possa pensar". "O olhar que está sobre o político é excessivamente paranóico", diz.
Fernando Almeida, professor de Psicologia no Instituto Superior da Maia e presidente da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Psicologia da Justiça, não rejeita esta explicação, mas refere que para se chegar ao poder não basta apenas ser inteligente. "Implica também uma grande capacidade de autocontrolo, de ser capaz de se comportar adequadamente para não perder o respeito dos outros", frisa.
Até porque, refere Eugénio Oliveira, presidente da Associação Portuguesa de Ética e Filosofia Prática, "o exercício do poder por pessoas que não pratiquem uma ética da responsabilidade poderá levar à sensação de impunidade, que combinada com pouca precaução e uma constante pressão pelo sucesso podem deixá-los emocionalmente susceptíveis a práticas que são moralmente condenáveis".
Baixar a guarda
Há situações em que os detentores de poder (seja este político, económico, religioso ou outro) baixam a guarda e deixam que o instinto animalesco se sobreponha a tudo o resto, não conseguindo, nessas situações, avaliar os riscos que pode correr devido aos seus comportamentos.
"Se, eventualmente, o sujeito tiver um comportamento sexual em que existe hipersexualidade, tenha ou não uma patologia, a probabilidade do sujeito correr riscos e baixar as defesas vai ser muito maior", explica Fernando Almeida.
Este professor de Psicologia recorda que "a ambição e o desejo de poder evidencia a capacidade de estar no meio do outro e de seduzir e convencer o outro", acontecendo o mesmo ao nível da sexualidade. "É preciso não esquecer que, antes de tudo, somos um animal. E se há área onde essa animalidade aparece é na sexualidade", acrescenta.
"Pode ser um indivíduo irrepreensível no plano moral e, ao mesmo tempo, ser incapaz de controlar o seu instinto animal".
Mesmo que os indivíduos envolvidos em escândalos sexuais, como Strauss-Khan, sejam ilibados em termos judiciais, "fica sempre a suspeita" e, dificilmente, conseguirão recuperar o respeito e a credibilidade de outrora, considera José Fontes, professor auxiliar da Universidade Aberta e da Academia Militar.
"Por serem figuras de referência, devem acumular em si certos valores universais. Se a prática não corresponde ao discurso, o cidadão comum vai pensar que essas figuras, afinal, são iguais ou pior que eles", sublinha
O que nos transporta para outra questão: a da fronteira entre a vida privada e a vida pública. Exceptuando as situações em que estejam em casa alegados crimes (como no caso Strauss-Khan), até que ponto o que uma figura do poder faz na sua vida privada tem importância no seu papel de homem público?
"Em Portugal, não sei onde é que se situa essa fronteira entre o que é privado e o que é público", confessa Albertino Gonçalves. "Aqui, até as férias do primeiro-ministro são notícias", acrescenta.
Em França, a situação é diferente.
"Existe uma espécie de acordo entre o políticos e os media relativamente ao que se passa na privada dos primeiros", diz.
Como exemplo, apresenta o caso da filha ilegítima de François Mitterrand. A imprensa sabia da existência de Mazarine Pingeot, mas só falou dela depois do antigo presidente gaulês ter admitido em público que tinha uma filha ilegítima.
Os meios de comunicação social franceses também nunca fizeram referência às infidelidades de Jacques Chirrac. Só em 2001, quando Bernardette Chirac as mencionou em livro é que a sociedade francesas teve conhecimento desses casos.
Ainda sobre esta questão, Albertino Gonçalves diz que "os media obrigam as pessoas a representar. Quando a pessoa é natural nos media, não é credível".
Um certo purítanismo
Albertino Gonçalves sublinha que só nas décadas mais recentes é que "o sexo começou a ser uma ameaça ao poder", devido a uma visão puritana do exercício da política que começou a existir nas sociedades ocidentais. Lembra, por exemplo, que na Idade Média o direito da primeira noite (jus primae noctis) dava ao senhor feudal o direito de desvirginar uma noiva na noite de núpcias (como se pode ver em "Braveheart", de Mel Gibson).
Outro caso famoso foi o de Henrique VIII, de Inglaterra, excomungado pelo Papa Clemente VII depois de ter casado com Ana Bolena (irmã de uma das suas amantes) quando ainda era casado com a rainha Catarina Foi na sequência deste caso que nasceu a Igreja Anglicana.
Em "Sexualidade e Poder", Michel Foucault escreve que "na nossa sociedade contemporânea, o sexo tem sido visto de uma forma repressiva", recorda Eugénio Oliveira. "Há uma ideia estabelecida de pudor em relação ao sexo, mas tem sido esta repressão que tem sido usada como mecanismo usado pela própria sociedade para que haja transgressão".
FÁTIMA MARIANO frnariano@jn.pt
«o texto constante desta página foi gerado automaticamente por OCR (Optical Character Recogniser), pelo que é passível de conter gralhas ou erros ortográficos resultantes dessa conversão.»"
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terça-feira, 5 de abril de 2011
Com (sentindo) as palavras...
Todos nós, mais ou menos aficcionados pela linguagem, tentamos dar o melhor sentido às palavras. O mais comum é usá-las no seu sentido literal, aquele que é considerado como o seu sentido mais simples e usual, e que no seu conjunto formam expressões que podem ser compreendidas sem ajuda do contexto.
Mas muitas vezes pretendemos que tenham outros sentidos que não o literal, e é aí que ganham mais encanto. É quando lhes damos um sentido figurado, mais vigoroso ou mais suave, mais pejorativo ou mais amigável e com bom ou mau sentido, e normalmente acrescentando uma espécie de “pós-aviso” como que a querer garantir a interpretação. É que às vezes as palavras são tramadas – no bom sentido da palavra.
Quantas vezes acontecem disputas por mal-entendidos?
E reagimos quase sempre de imediato pois são poderosas, autênticas armas de arremesso que ferem como pedradas e às quais se perde o controle depois de “disparadas”.
Nem sempre a intenção é má, mas também nem sempre temos cuidado ou somos felizes na sua utilização.
E não conheço mais nada que seja tão eficaz na partilha, na relação com os outros, na arte de vestir as nossas ideias e exteriorizar sentimentos e emoções.
Diz-se que uma imagem vale por mil palavras, mas eu acho que nenhuma imagem poderá mostrar o que mil palavras podem.
Claro que as podemos misturar, cooperar ou ser cooperadas pela imagem e ter um resultado comunicativo mais completo – quase como quem conversa cara-a-cara -, por exemplo quando ilustramos textos ou legendamos imagens.
Esta minha paixão por elas não tem um momento definido nem uma justificação cabal, foi acontecendo pelo prazer que sinto em ver nelas um eco fiel de mim e ir percebendo que podem ter tanta ou mais beleza que a melhor das imagens e ainda por cima serem portadoras de sabedoria. Se das imagens só podemos dizer “belas”, das palavras podemos dizer “belas e sábias”.
É com elas que penso, que medito, que lhes dou toda a importância que tem na minha vida, que me apercebo da presença constante dia e noite, e porque também sonhamos com elas.
E porque estou aqui a falar delas? Por elas, com elas, e porque ultimamente tenho andado em volta de uma arte que as leva ao seu supremo na forma “escrita” - a “escrita visual”. Há alguns autores, particularmente de poesia que tem trabalhos nesta área (as imagens com que ilustro este post são do livro “A Hescritora de Cuca Canals” que me ofereceram sabendo desta minha paixão) e, como agrego o design por profissão e as palavras por paixão, venho partilhar aqui a minha sedução. E rimei... e tudo :)
Mas muitas vezes pretendemos que tenham outros sentidos que não o literal, e é aí que ganham mais encanto. É quando lhes damos um sentido figurado, mais vigoroso ou mais suave, mais pejorativo ou mais amigável e com bom ou mau sentido, e normalmente acrescentando uma espécie de “pós-aviso” como que a querer garantir a interpretação. É que às vezes as palavras são tramadas – no bom sentido da palavra.
Quantas vezes acontecem disputas por mal-entendidos?
E reagimos quase sempre de imediato pois são poderosas, autênticas armas de arremesso que ferem como pedradas e às quais se perde o controle depois de “disparadas”.
Nem sempre a intenção é má, mas também nem sempre temos cuidado ou somos felizes na sua utilização.
E não conheço mais nada que seja tão eficaz na partilha, na relação com os outros, na arte de vestir as nossas ideias e exteriorizar sentimentos e emoções.
Diz-se que uma imagem vale por mil palavras, mas eu acho que nenhuma imagem poderá mostrar o que mil palavras podem.
Claro que as podemos misturar, cooperar ou ser cooperadas pela imagem e ter um resultado comunicativo mais completo – quase como quem conversa cara-a-cara -, por exemplo quando ilustramos textos ou legendamos imagens.
Esta minha paixão por elas não tem um momento definido nem uma justificação cabal, foi acontecendo pelo prazer que sinto em ver nelas um eco fiel de mim e ir percebendo que podem ter tanta ou mais beleza que a melhor das imagens e ainda por cima serem portadoras de sabedoria. Se das imagens só podemos dizer “belas”, das palavras podemos dizer “belas e sábias”.
É com elas que penso, que medito, que lhes dou toda a importância que tem na minha vida, que me apercebo da presença constante dia e noite, e porque também sonhamos com elas.
E porque estou aqui a falar delas? Por elas, com elas, e porque ultimamente tenho andado em volta de uma arte que as leva ao seu supremo na forma “escrita” - a “escrita visual”. Há alguns autores, particularmente de poesia que tem trabalhos nesta área (as imagens com que ilustro este post são do livro “A Hescritora de Cuca Canals” que me ofereceram sabendo desta minha paixão) e, como agrego o design por profissão e as palavras por paixão, venho partilhar aqui a minha sedução. E rimei... e tudo :)
quarta-feira, 23 de março de 2011
Vitimas ou culpados?
No dia 16-03-2011, depois das Noticias das 20, o programa "histórias do mundo", intitulou-se “Juventude Inquieta: excessos das “Skin Parties” estão a espalhar-se pela Europa”, e é sobre ele que vou dissertar.
Eis o link para ver:
http://sic.sapo.pt/online/video/informacao/historias-do-mundo/2011/3/juventude-inquieta-excessos-das-skin-parties-estao-a-espalhar-se-pela-europa16-03-2011-223436.htm
E enquanto estiver disponível, claro.
Pois bem, a juventude está mesmo na ordem do dia - à rasca, inquieta, incerta e tantas mais adjectivações que poderia encontrar. E todas teriam cabimento e seriam verdade se houvesse uma assunção sedimentada na razoabilidade sobre o entendimento de si mesmos e sustentada numa postura consciente, mas, muito sinceramente, não acho terem. Usando uma frase feita, há mais gente para além deles, e nenhuma das tres ou quatro gerações com quem coabitam este momento tão critico, está/é hermética em relação a si mesmos.
Por consequência todos fazemos parte desta massa humana e global que procura no horizonte um futuro seguro e promissor, e só em uníssono esse futuro poderá ter lugar. Mas, se por um lado há uma sensação separatista entre as gerações, por outro lado todas estão vinculadas pelas causas, razões e culpas.
Voltando à reportagem, apesar de achar que é um tanto ou quanto exagerada e de uma realidade que (ainda) não é bem a nossa mas que cá chegará depressa, e basta atentar no jeito especial que temos em importar estas coisas mais prazerosas, é verdade o que nela transparece, e que muitos jovens se comportam dessa maneira. Alguns mesmo, uma minoria – ainda – reclamam direitos, euros e meios afins para sustentar hábitos irresponsáveis e degradantes a todos os níveis tanto comportamentais como relacionais e de valores que (ainda) regem o saber ser/estar da nossa sociedade - e o principal -, o respeito por si mesmos e por consequência pelos outros. É degradante a forma como banalizam aquilo que nos poucos momentos de lucidez ou quando confrontados os envergonha.
E confrontar – a eles e a todos nós - é meditar nestas frases extraídas da reportagem.
- A regra é não haver limites nas restrições
- Num mundo que vive de imagem as poses são obrigatórias
- Uma geração que cresceu com computadores e telemóveis na mão
- Pessoalmente não me sinto eu, sinto-me uma espécie de caricatura de um jovem completamente decadente... excessivo.
- Penso que eles ultrapassam os limites do álcool e do comportamento e isso preocupa-me um bocadinho
- Espero que saibam comportar-se e que não façam sei lá o quê
- Embora elas sejam sempre um pouco mais ousadas
- Se alguém considera um exagero não é seguramente este pai que até admira os disfarces
- Um pouco o principio de “sexo, drogas e rock'n roll”
- Ao menos não vão ter arrependimentos mais tarde
- Não falta quem faça pose para chamar atenção
- Não sei quantas miudas beijei
- Mas à medida que as horas passam os limites vão sendo ultrapassados entre o exibicionismo e a transgressão
- Festejar é tudo o que conta para nós
- O que conta são os prazeres efémeros.
- Numa sociedade de consumo em ultima análise tudo se consome
- Tudo é descartável também
- Tudo se mostra e tudo se vê... a relação com o facto de se ver e de se mostrar
- A internet é agora de alguma maneira apenas o revelador de algumas obsessões que sempre foram tipicas da adolescência
- Passa horas por dia no computador, é quase como que se tivesse de gerir duas personalidades distintas, a real na escola e em casa e outra virtual
- Tem centenas de amigos com quem nunca se cruzou mas que a acham bonita e simpática.
- Podemos sofrer quando alguém não gosta de nós, mas podemos ficar contentes quando sabemos que somos apreciadas, que toda a gente nos acha simpáticas e tudo mais - mesmo sem saber porquê
- Nem sempre temos confiança em nós, e então tentamos por esta via que os outros nos deem a confiança que não temos
- Os blogues dos adolescentes estão cheios de fotografias, poses ousadas e insinuantes, onde à distancia de um click é possível avaliar cada um apenas pelo exterior
- Superficial? Seguramente - perigoso? Seguramente -, mas será muito diferente dos jogos das gerações anteriores?
- As imagens circulam por toda a rede… as próprias participantes não gostam do que estão a ver
- Eu em relação a mim, a imagem que tenho de mim, não me agrada mesmo
- Todos eles admitem que as imagens deles no video de facto não os orgulha mas entendem que as miudas ainda pior
- Se fosse uma namorada minha não queria que os meus amigos ou familia a vissem assim
- Adolescentes divididos entre o mundo virtual e a sua própria realidade, imagens que os deixam chocados mas que não param de alimentar
Pois é!
Depois de ler isto fica-se com a sensação de que andam a roçar o chocante. É a minha opinião e se me quiserem chamar conservador ou puritano façam o favor. Quando eu era adolescente, não pensava nem agia desta maneira... de todo.
Nas décadas de 70/80, eu e a maioria dos jovens também eramos ávidos por mais liberdade, também faziamos contestações embaladas por acordes e palavras de canções mais arrojadas, também tinhamos sexo, drogas e rock'n roll - mas menos banalizado e imposto por estereotipos tribalistas, também reivindicava-mos melhores condições sociais, mais trabalho (hoje diz-se mais emprego), a abertura política, a igualdade social, o fim da ditadura, maior liberdade de expressão, mais libertação sexual, e porque não – religiosa, e a igualdade de direitos entre os sexos.
Sei que havia uma certa dificuldade para tal pois não havia tantos fornecedores... de drogas e de espaços de devaneio e meios de proliferação, que muita coisa hoje transversal a todos pertencia a uma classe média-alta mais rica, mas a busca sagaz por realizações, por um horizonte mais promissor, pelo futuro, crescia mais saudável e com mais naturalidade em todas as classes. A prova disso, é que muitos apesar de pobres, perseguidos desprovidos até de meios elementares à dignidade humana, hoje são grandes profissionais pelo que lutaram e no que propuseram querer ser. E hoje que querem?
Hoje, tem uma avalanche de ídolos fabricados à medida do seu prazer, devaneios sem regras e às vezes degradantes, e uma clausura inconsciente nas modas, estilos e marcas onde ser diferente é ser excluido e ser irreverente é ser louco. Não é por acaso que os vemos cultivando orgias em publico, a apreciar músicas que incitam um sentimento sem sentido, em raves regadas com demasiado álcool e drogas, sexo puro e duro com desconhecidos, violência e agressões sem fundamento minimamente justificável, e um pandemónio absurdo de outras coisas que por já nem serem eles mesmo de tanto doparem a mente, só chegam a dar conta – os que dão - pelas noticias do dia seguinte.
Pergunto... porque não sei as respostas mesmo...
Quais são as suas inquietações? Quais são os seus objectivos? Quais os anseios que os movem?
Sei que estou a julgar e talvez até a ser preconceituoso, mas só não julga quem não se atreve a ter opinião e não é preconceituoso quem não tem conceitos.
Eu tenho opinião e conceitos e são sustentados no aqui e agora, olhando para o passado e perspectivando o futuro, mas sempre no presente, no observar e no uso de um lado critico sem medos – até de mim mesmo e das minhas culpas na matéria.
E que vejo? Vejo que muita desta juventude está desinteressada, mal preparada e mal habituada a esforços, a lutar por si mesma e até a desconhecer que o sabor da victória também lhes daria prazer. Está essencialmente orientada por terceiros e a formar-se desinformadamente, alinhada por expectativas do passado e que o presente já não proporciona. Amparada por educadores que olham para o filho do vizinho antes de olhar para o seu e não largam a competição que começaram em tenra idade. Pelo suporte em jeito de nada mais poderem fazer senão ir cuidando deles - alguns já bem adultos e até já pais também. Por quem não vê que quem suportam os desampara a si mesmos sem que sequer percebam, preocupem ou se interroguem. Pais aprisionados a ditadores que tem muitos direitos e poucos deveres, que exigem estatuto de adultos ou se consideram crianças conforme os interesses, e muita vergonha escondida em lamentos do tipo - “parece mal ser Doutor e ir trabalhar na estiva” - e que jeito lhes dá pensem assim.
E depois o resultado é ver muitos ligados a uns fios que fornecem uns bits e os tornam alienados e viciados, manipuladores e ao mesmo tempo manipulados, povoadores de charcos onde se afundam numa felicidade precária e habitantes de uma realidade irreal. Alguns outros estão a afundar-se em drogas e assim perdem a identidade humana caindo aos poucos numa triste degradação fisica, moral e mental. E por aí adiante, mas nem é preciso continuar...
E assim se prefere tapar as feridas para que não se veja o sangue, do que as desinfectar e deixar a apanhar ar para que se curem, vive-se a “passar a bola” esperando por remédios de estados que nem para si mesmo tem remédio, apontando o dedo sempre em frente e proclamando indignações, e a aumentar os males sociais em vez de os remediarem e preparar quem os remedeie no futuro.
È assim que vão querer ter reformas no futuro?
Antes de qualquer outra identidade, o seio familiar é o principal responsável e o núcleo fomentador e disseminador da educação - de todos – como tal não pode esconder-se nem fugir dos desafios, inclusivé o de se educarem para poderem educar. É que ao largarem as suas crias mal preparadas no meio desta anarquia comportamental que eles parecem querer e gostar de ter - é fácil escolhê-la -, esquecem-se da sedução que tais ambiente tem nos adolescentes e depois fica dificil fazer vingar obrigações menos prazerosas.
Há que pensar e repensar em tudo, em todos, e onde é que falhamos e continuamos a falhar.
Estão preparados os jovens de hoje para serem pais amanhã – vão querer e/ou poder ser?
Basta espreitar as redes sociais para perguntar... Não está muita gente nos “enta” - muitos são pais - a comportar-se como adolescentes ?
Não estão os idosos a serem esquecidos e desconsiderados de tudo isto?
E finalmente, não só para eles, mas para nós também - para todos nós mesmo -, pergunto se somos vitimas ou culpados?
Eis o link para ver:
http://sic.sapo.pt/online/video/informacao/historias-do-mundo/2011/3/juventude-inquieta-excessos-das-skin-parties-estao-a-espalhar-se-pela-europa16-03-2011-223436.htm
E enquanto estiver disponível, claro.
Pois bem, a juventude está mesmo na ordem do dia - à rasca, inquieta, incerta e tantas mais adjectivações que poderia encontrar. E todas teriam cabimento e seriam verdade se houvesse uma assunção sedimentada na razoabilidade sobre o entendimento de si mesmos e sustentada numa postura consciente, mas, muito sinceramente, não acho terem. Usando uma frase feita, há mais gente para além deles, e nenhuma das tres ou quatro gerações com quem coabitam este momento tão critico, está/é hermética em relação a si mesmos.
Por consequência todos fazemos parte desta massa humana e global que procura no horizonte um futuro seguro e promissor, e só em uníssono esse futuro poderá ter lugar. Mas, se por um lado há uma sensação separatista entre as gerações, por outro lado todas estão vinculadas pelas causas, razões e culpas.
Voltando à reportagem, apesar de achar que é um tanto ou quanto exagerada e de uma realidade que (ainda) não é bem a nossa mas que cá chegará depressa, e basta atentar no jeito especial que temos em importar estas coisas mais prazerosas, é verdade o que nela transparece, e que muitos jovens se comportam dessa maneira. Alguns mesmo, uma minoria – ainda – reclamam direitos, euros e meios afins para sustentar hábitos irresponsáveis e degradantes a todos os níveis tanto comportamentais como relacionais e de valores que (ainda) regem o saber ser/estar da nossa sociedade - e o principal -, o respeito por si mesmos e por consequência pelos outros. É degradante a forma como banalizam aquilo que nos poucos momentos de lucidez ou quando confrontados os envergonha.
E confrontar – a eles e a todos nós - é meditar nestas frases extraídas da reportagem.
- A regra é não haver limites nas restrições
- Num mundo que vive de imagem as poses são obrigatórias
- Uma geração que cresceu com computadores e telemóveis na mão
- Pessoalmente não me sinto eu, sinto-me uma espécie de caricatura de um jovem completamente decadente... excessivo.
- Penso que eles ultrapassam os limites do álcool e do comportamento e isso preocupa-me um bocadinho
- Espero que saibam comportar-se e que não façam sei lá o quê
- Embora elas sejam sempre um pouco mais ousadas
- Se alguém considera um exagero não é seguramente este pai que até admira os disfarces
- Um pouco o principio de “sexo, drogas e rock'n roll”
- Ao menos não vão ter arrependimentos mais tarde
- Não falta quem faça pose para chamar atenção
- Não sei quantas miudas beijei
- Mas à medida que as horas passam os limites vão sendo ultrapassados entre o exibicionismo e a transgressão
- Festejar é tudo o que conta para nós
- O que conta são os prazeres efémeros.
- Numa sociedade de consumo em ultima análise tudo se consome
- Tudo é descartável também
- Tudo se mostra e tudo se vê... a relação com o facto de se ver e de se mostrar
- A internet é agora de alguma maneira apenas o revelador de algumas obsessões que sempre foram tipicas da adolescência
- Passa horas por dia no computador, é quase como que se tivesse de gerir duas personalidades distintas, a real na escola e em casa e outra virtual
- Tem centenas de amigos com quem nunca se cruzou mas que a acham bonita e simpática.
- Podemos sofrer quando alguém não gosta de nós, mas podemos ficar contentes quando sabemos que somos apreciadas, que toda a gente nos acha simpáticas e tudo mais - mesmo sem saber porquê
- Nem sempre temos confiança em nós, e então tentamos por esta via que os outros nos deem a confiança que não temos
- Os blogues dos adolescentes estão cheios de fotografias, poses ousadas e insinuantes, onde à distancia de um click é possível avaliar cada um apenas pelo exterior
- Superficial? Seguramente - perigoso? Seguramente -, mas será muito diferente dos jogos das gerações anteriores?
- As imagens circulam por toda a rede… as próprias participantes não gostam do que estão a ver
- Eu em relação a mim, a imagem que tenho de mim, não me agrada mesmo
- Todos eles admitem que as imagens deles no video de facto não os orgulha mas entendem que as miudas ainda pior
- Se fosse uma namorada minha não queria que os meus amigos ou familia a vissem assim
- Adolescentes divididos entre o mundo virtual e a sua própria realidade, imagens que os deixam chocados mas que não param de alimentar
Pois é!
Depois de ler isto fica-se com a sensação de que andam a roçar o chocante. É a minha opinião e se me quiserem chamar conservador ou puritano façam o favor. Quando eu era adolescente, não pensava nem agia desta maneira... de todo.
Nas décadas de 70/80, eu e a maioria dos jovens também eramos ávidos por mais liberdade, também faziamos contestações embaladas por acordes e palavras de canções mais arrojadas, também tinhamos sexo, drogas e rock'n roll - mas menos banalizado e imposto por estereotipos tribalistas, também reivindicava-mos melhores condições sociais, mais trabalho (hoje diz-se mais emprego), a abertura política, a igualdade social, o fim da ditadura, maior liberdade de expressão, mais libertação sexual, e porque não – religiosa, e a igualdade de direitos entre os sexos.
Sei que havia uma certa dificuldade para tal pois não havia tantos fornecedores... de drogas e de espaços de devaneio e meios de proliferação, que muita coisa hoje transversal a todos pertencia a uma classe média-alta mais rica, mas a busca sagaz por realizações, por um horizonte mais promissor, pelo futuro, crescia mais saudável e com mais naturalidade em todas as classes. A prova disso, é que muitos apesar de pobres, perseguidos desprovidos até de meios elementares à dignidade humana, hoje são grandes profissionais pelo que lutaram e no que propuseram querer ser. E hoje que querem?
Hoje, tem uma avalanche de ídolos fabricados à medida do seu prazer, devaneios sem regras e às vezes degradantes, e uma clausura inconsciente nas modas, estilos e marcas onde ser diferente é ser excluido e ser irreverente é ser louco. Não é por acaso que os vemos cultivando orgias em publico, a apreciar músicas que incitam um sentimento sem sentido, em raves regadas com demasiado álcool e drogas, sexo puro e duro com desconhecidos, violência e agressões sem fundamento minimamente justificável, e um pandemónio absurdo de outras coisas que por já nem serem eles mesmo de tanto doparem a mente, só chegam a dar conta – os que dão - pelas noticias do dia seguinte.
Pergunto... porque não sei as respostas mesmo...
Quais são as suas inquietações? Quais são os seus objectivos? Quais os anseios que os movem?
Sei que estou a julgar e talvez até a ser preconceituoso, mas só não julga quem não se atreve a ter opinião e não é preconceituoso quem não tem conceitos.
Eu tenho opinião e conceitos e são sustentados no aqui e agora, olhando para o passado e perspectivando o futuro, mas sempre no presente, no observar e no uso de um lado critico sem medos – até de mim mesmo e das minhas culpas na matéria.
E que vejo? Vejo que muita desta juventude está desinteressada, mal preparada e mal habituada a esforços, a lutar por si mesma e até a desconhecer que o sabor da victória também lhes daria prazer. Está essencialmente orientada por terceiros e a formar-se desinformadamente, alinhada por expectativas do passado e que o presente já não proporciona. Amparada por educadores que olham para o filho do vizinho antes de olhar para o seu e não largam a competição que começaram em tenra idade. Pelo suporte em jeito de nada mais poderem fazer senão ir cuidando deles - alguns já bem adultos e até já pais também. Por quem não vê que quem suportam os desampara a si mesmos sem que sequer percebam, preocupem ou se interroguem. Pais aprisionados a ditadores que tem muitos direitos e poucos deveres, que exigem estatuto de adultos ou se consideram crianças conforme os interesses, e muita vergonha escondida em lamentos do tipo - “parece mal ser Doutor e ir trabalhar na estiva” - e que jeito lhes dá pensem assim.
E depois o resultado é ver muitos ligados a uns fios que fornecem uns bits e os tornam alienados e viciados, manipuladores e ao mesmo tempo manipulados, povoadores de charcos onde se afundam numa felicidade precária e habitantes de uma realidade irreal. Alguns outros estão a afundar-se em drogas e assim perdem a identidade humana caindo aos poucos numa triste degradação fisica, moral e mental. E por aí adiante, mas nem é preciso continuar...
E assim se prefere tapar as feridas para que não se veja o sangue, do que as desinfectar e deixar a apanhar ar para que se curem, vive-se a “passar a bola” esperando por remédios de estados que nem para si mesmo tem remédio, apontando o dedo sempre em frente e proclamando indignações, e a aumentar os males sociais em vez de os remediarem e preparar quem os remedeie no futuro.
È assim que vão querer ter reformas no futuro?
Antes de qualquer outra identidade, o seio familiar é o principal responsável e o núcleo fomentador e disseminador da educação - de todos – como tal não pode esconder-se nem fugir dos desafios, inclusivé o de se educarem para poderem educar. É que ao largarem as suas crias mal preparadas no meio desta anarquia comportamental que eles parecem querer e gostar de ter - é fácil escolhê-la -, esquecem-se da sedução que tais ambiente tem nos adolescentes e depois fica dificil fazer vingar obrigações menos prazerosas.
Há que pensar e repensar em tudo, em todos, e onde é que falhamos e continuamos a falhar.
Estão preparados os jovens de hoje para serem pais amanhã – vão querer e/ou poder ser?
Basta espreitar as redes sociais para perguntar... Não está muita gente nos “enta” - muitos são pais - a comportar-se como adolescentes ?
Não estão os idosos a serem esquecidos e desconsiderados de tudo isto?
E finalmente, não só para eles, mas para nós também - para todos nós mesmo -, pergunto se somos vitimas ou culpados?
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