quinta-feira, 16 de julho de 2009

Palavras Tabu... ainda...

Como no meu post "O rosto do prazer" se cumpriu a minha previsão de muitas visitas mas imensos silêncios e um feed-back paupérrimo, até de perfis (aparentemente) mais “corajosos” - uma nota negativissima para o género masculino que quero denunciar publicamente, aqui está mais um na senda do anterior e a atrever-me a desmistificar, enfrentar e afrontar esses tabus.
Coito, onanismo, orgasmo e anorgasmia, felação, cunilíngus, anilingus, fisting, sadismo, masoquismo, e a mistura de ambos – sadomasoquismo, hipererosia, ninfomania, tantra, kamasutra, zoofilia, fetiches, exibicionismo, etc, são termos que tem na gíria popular imensos sinónimos - do calão mais agreste às metáforas mais sofisticadas -, que variam consoante a região, classe e cultura. Mas nem mesmo com essa abundancia para todos os gostos e feitios, deixam de ser considerados tabu.
É daquelas coisas que se verbaliza só intimamente, mas nos vem à cabeça com muita frequência - e até se adivinha na dos outros. A verdade é que raramente se tem “estaleca” para o dizer descomplicadamente e em alto e bom som.
Será porque é feio ou se teme consequências nefastas? Será poque seria muito atrevimento ou nos poderiam considerar depravados? Será porque é pecaminoso ou injurioso?
Eu acho que todos concordamos com as respostas afirmativas para estas perguntas, mas ao mesmo tempo intimamente negamos todas elas... até porque não vai demorar muito e estamos a praticar alguma das situações que encaixam nesses temos. È daquelas coisas que se faz o mais que se pode e se cala o mais que se consegue.
Mas eu falo
Da primeira – coito - não vale a pena pois é a mais vulgar e admitida... melhor – é a nossa origem mesmo. Alias, não fosse esta verdade inequivoca e alguns ainda o negariam, mas isso é coisa para o catolicismo... ou para o Espirito Santo (não confundir com o Banco) .
Vou falar da segunda - Onanismo
Incialmente o termo englobava qualquer forma de coito incompleto tendente a evitar a fecundação, mas progressivamente foi-se tornando sinónimo quase exclusivo de masturbação.
Não tenho receio em dizer que tirando a primeira (coito), é das minhas práticas sexuais favoritas.
É também dos temas que mais desinformação produz e fonte das idiotices mais absurdas que já ouvi. A sociedade encarregou-se de nos mostrar sempre a masturbação como um hábito insidioso, nojento, proibido, perigoso, e praticada por iníquos e ímpios. Alias foi asim que nasceu a palavra do latim “manus turbare” que quer dizer sujar as mãos.
Pode sujar mas lavam-se .
Ainda se continua a pensar que as pessoas de bem não se masturbam. Algumas dessas dizem até que nunca se masturbaram. Acredito estejam a dizer a verdade, mas nas que acrescentam que nem querem ouvir falar, não acredito. Outras, as que dizem que provoca acne, cegueira, queda de cabelo, etc deveriam ficar caladas – taditas...
E assim, durante muito tempo a masturbação foi o bicho papão da frágil aprendizagem sexual e para muitos, ainda hoje o é.
Quando se pensa intimamente ou fala honestamente sobre este assunto com outras pessoas, não há como esconder as evidências. A masturbação é uma prática, no mínimo, agradável, feita por quase todos, com maior ou menor regularidade, quase sempre individualmente e com mais ou menos pejo.
Os adultos negam-na mais do que os adolescentes mas não me parece que esta prazerosa prática seja exclusiva deles ou de adultos considerados depravados sexuais. Não há idade para este prazer. Masturbar-se é conhecer o corpo, e saber onde tocar-se ou tocar em outrem é tão importante como saber ler e escrever – sexualmente, claro -, e nem é preciso ir para a escola..
Atrevo-me até a dizer que feita a dois por vezes vale mais do que uma relação sexual tradicional desajeitada e em que o desconhecimento mútuo acaba por transformar-ne num ruinoso insucesso. È certo que não preenche as mesmas áreas, mas não é menos desprezivel.
Também não se pode considerar só um “pré-sexo” integrado nos preliminares, ou um “pós-sexo” quando um falha o timing do orgasmo do outro. É uma forma de sexo como qualquer outra e pronto. Não há razão para se ver este acto com menos “qualidade”, como também não há para considerar falhado quem a pratica/aprecia.
Também é mais abrangente. Permite melhor conhecimento de si e a partilha com outrem, mas ao mesmo tempo também uma satisfação egoista tornando possivel o prazer sem a permissão do outro. Não conheço outra forma mais cabal e ambivalente de libertação sexual que esta – desde a que mais nos mostra à que mais nos esconde, e à que nos permite partilhar mas libertos da “submissão” aos desejos e necessidades de terceiros.
A internet - tinha de falar no famoso “sexo virtual” -, veio dar um bom empurrão a esta prática. No entanto, penso que mais quantitativa do que qualitativa, pois se não encarar presencialmente o outro ajuda a desinibir e a ganhar coragem, também é porque se precisa desse estímulo externo mas privado e dirigido a nós mesmos, logo uma presença, que mais do que ausente, pode volatizar-se num ápice e deixar-nos dependentes. Mas do mal o menos, porque às vezes é um passo para o contacto real e de sucesso. Mas muito cuidado - há por aqui muito “gato por lebre” e quando se descobre a frustração é enorme e os efeitos desastrosos.
Finalizando, a masturbação faz parte de uma sexualidade saudável para todos e quer se masturbem sozinhos ou acompanhados, a si ou a outrem, mais que uma vez por dia, apenas algumas vezes por mês, ou até menos que uma por ano, não faz mal nem é vergonhoso. É bom. É optimo...

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