segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Más etiquetas... e piores maneiras

Não, não vou falar de normas e regras comportamentais nem de boas maneiras, mas sim das etiquetas reais, daquelas que com marcam tudo e mais alguma coisa. E se para uns significam estatuto, para outros significam desespero e enchem a paciência até aos limites. E depois lá se vão as boas maneiras.
Ontem comprei algo que não importa especificar, e pela milionésima vez deparei-me com uma etiqueta bem grudada e escarrapachada no lado mais interessante da coisa . Quem as cola deveria ser punido no mínimo a trabalhos forçados… ou seja, descolar dez etiquetas por dia.
Em primeiro lugar devo dizer que como todas, era uma etiqueta muito inestética. Depois, para além de cumprir a missão de informar o preço trazia inscritas informações dúbias como “made in CE”. Onde é que isso fica? Na China certamente. E como se não bastasse, para lhe aumentar o tamanho , lá estava bem destacado o código de barras quase “psicadélico”, uma sequência de traços negros intercalados de outros tantos em branco, uns mais gordos que outros, que me fazem sempre recordar separatismo racista e descriminação estética já que imperam os traços elegantes. Mas adiante!
O pior foi quando me quis desfazer daquela coisa. É que insistem em usar uma cola melhor que bênção de casamento e que nunca descola sem deixar marcas indeléveis. Mas lá meti mãos à obra… melhor, a unha mesmo, mas rasgou-se tudo sem sucesso. Um divórcio imperfeito - bocadinhos de papel com a impressão para um lado e o resto do papel bem agarrado à cola para outro. E agora nem a unha lhe pegava. Tentei um x-acto mas o que consegui foi fazer um arranhão. Tentei uma lâmina de barbear mas o melhor que consegui foi um corte e tingir tudo de vermelho. Tentei humedecer com água mas nada. Daí que toca a procurar no arsenal de químicos algo que retirasse aquela “gosma” que não tinha comprado. Sobrava usar alcool, acetona, diluente, benzina e outras coisas que imaginava não puder usar pois talvez me estragasse irremediávelmente a coisa que era de plástico. Pedi ajuda a um amigo habilidoso que me disse bastar colocar fluido de isqueiro e humedecer a etiqueta. Afinal era benzina o remédio milagroso e deveria vir como instrução na própria etiqueta. Mas não foi! Aquilo derreteu-me tudo e fiquei com a sensação de que o fluido de isqueiro era mas é para lhe pegar o fogo e fazer desaparecer tudo.
“Furibundo” fui reclamar à loja e para meu espanto, a angelical menina da recepção que me atendeu, disse-me: “Só posso trocar se tiver o talão de compra e tudo intacto”. Do talão nem falo pois deveria ser uma factura e tinha-me “enfiado” um talão, mas isso é outro assunto para “tangas das finanças”. Expliquei, repliquei, implorei mas só consegui ser ouvido pelo livro de reclamações onde escrevi do pior e que agora espero resposta (estou sentado). Mas isto não ía ficar assim. Comprei o mesmo artigo e de imediato no caixa solicitei retirassem a etiqueta. Foi do melhor. A menina pediu apoio à chefe, que por sua vez pediu à responsável de secção e juntaram-se umas quantas funcionárias (vá lá que eram mulheres bonitas e bem cheirosas… a simpatia tinha-se ido) mas que desistiram depois de rasgar todas as etiquetas de todo o stock … e sem me conseguirem apresentar o artigo limpo. Da fila de clientes e comentários também não vou falar.
E teria sido um “divertimento” se não tivesse dado conta que me coçava insistentemente no pescoço. Não é que estreava uma camisa, e o raio da etiqueta me fazia coçar de tal forma ao ponto de ficar com a pele irritada? Com a neura, peço uma tesoura, vou ao WC, dispo-a e tento cortar aquilo. Pois bem, ali, as costiuras tinham a segurança que o resto da camisa não tinha. Umas sobre as outras ao ponto de se tornar impossível descoser. Sem solução, tento cortar com todo o cuidado mas mesmo assim fiquei com dois buracos no sitio das costuras.
Agora imaginam como fiquei?
Pois é! Tinha que fazer qualquer coisa e decidi que deveria reclamar de outra maneira, e mais que isso, fazer um alerta, um movimento, um partido anti-etiquetas, …sei lá que mais, mas ficar quieto é que não.
E a Internet seria um bom meio. Cheguei a casa e toca a ligar o PC. mas imagem no monitor é que nada. Como trabalho nisto, toca a retirar a tampa e verificar o que se estava a passar …mas como era o “dia da etiqueta” e já vi milhares de PCs terem problemas sérios por causa das etiquetas de garantia que colocam nos componentes, lá fui ver a placa gráfica. Pois é! Como “em casa de ferreiro se usa espeto de pau” não é que lá estava a “famosa” a provocar um curto-circuito?
Meu Deus… pensei eu. Hoje é melhor sentar-me no sofá, pegar num livro, servir-me numa bebida e ouvir uma música bem suave. Eu gosto de relaxar assim e compilei um cd com músicas da minha eleição, e, como gosto de ter tudo bem marcado fiz uma daquelas etiquetas que se colam nos cds com o countéudo, data, etc. É verdade, falei em etiqueta sim, e não é que o raio do cd estava danificado porque a cola da dita diluiu a camada reflectora do cd e tornou-o ilegível?
Ahhh porra! Disse mais que isso mesmo, e porque me tinha acabado de lembrar de uma sessão de “strip-tease” feita uns tempos antes numa loja onde o alarme embicou comigo só porque um fiozinho metálico tinha sido “instalado” no interior de umas peúgas que nesse dia decidi estrear. Mas não vencido fui entregar-me ao assunto no sentido de alertar e formular algumas teorias sobre etiquetas (embora e se calhar já todas fruto de uma mente perturbada, claro)...
Eis algumas:

- Quem cola as etiquetas precisava ter um curso superior sobre direitos humanos.
- Afinal a cola boa, aquela que custa uma pipa de massa e até cola os cientistas ao tecto não é melhor que esta usada nas etiquetas mas é bem mais cara, e não acredito que usem cola cara em algo que nem cobram.
- Toda a etiqueta é costurada 254 vezes no mesmo lugar e eu acho que a intenção é para que nunca, jamais, never, em momento alguém a consiga arrancar.
- As etiquetas tem vontade própria e são muito temperamentais logo, quanto mais as esfregamos mais dificil será arrancá-las.
- As etiquetas não são produzidas com o objectivo de nos informar mas sim de nos prejudicar.
- O tamanho das etiquetas não conta pois todas são grandes chatas, tóxicas e más.
- Todas as etiquetas deveriam ter instruções de auto destruição.

E como diz a canção, não sou o Dinis, o Rei dos glutões e nem as etiquetas me causam sensações (das boas). Daí que declaro guerra aberta às etiquetas e aconselho-vos a fazerem como eu. Peçam para as tirar no momento da compra. Mas vão com tempo.




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